#Notícias | 24/01/2018
Frente às incertezas e inseguranças que antecederam o julgamento do ex-presidente Lula, que está sendo realizado nesta quarta-feira (24) em Porto Alegre, os movimentos sindicais, sociais e políticos partidários construíram três dias intensos de mobilização na Capital. Nos acampamentos, nos atos, nos encontros e nos debates, a troca de experiências e saberes se fez para além dos seus objetivos primários – a defesa da democracia e do direito de Lula concorrer no pleito deste ano. Foi, como nunca antes visto, o resultado da unificação de diversas frentes de esquerda para construir resistência em um ano decisivo para o Brasil.
Ainda na madrugada de segunda-feira (22), tiveram início as primeiras mobilizações, com a chegada de militantes e movimentos concentrados no antigo posto do ICMS, na BR-290. Na Avenida da Legalidade, a marcha de abertura deu o tom pacífico das mobilizações que seguiriam na sequência dos dias, rumo a abertura do acampamento instalado no Anfiteatro Pôr do Sol.
Dos atos oficiais, promovidos pela Frente Brasil Popular, juristas, intelectuais e lideranças políticas dividiram o espaço de fala e lotaram auditórios. Das análises e dos debates, colaborou-se para a construção de uma visão crítica às arbitrariedades do poder judiciário no julgamento de Lula. também, conscientizou-se a população sobre as ameaças ao Estado Democrático de Direito.
Na terça-feira(23), a concentração se voltou para a grande mobilização marcada na Esquina Democrática de Porto Alegre. Com a presença de Lula e dos principais políticos do Partido dos Trabalhadores(PT) e demais partidos de esquerda, mais de 70 mil pessoas cobriram as principais vias do centro para assistir o ato. Contrariando o forte sistema de segurança montado pelo Município e o Estado, não houveram registros de depredação ou qualquer ato de agressão durante a realização do evento.
Em seu discurso, Lula limitou-se em utilizar o espaço para criticar a atuação do Judiciário e, em especial, do juiz Sergio Moro, apenas afirmando que os seus advogados já haviam dado conta de provar a sua inocência. No entanto, relembrou as injustiças postas no processo que depôs a presidenta Dilma Rousseff e reforçou os motivos que aguçaram a ira da direita e resultaram no impeachment. Ao som dos cantos da multidão, mostrou tranquilidade em afirmar que estará nas eleições deste ano.
Acampamento atento ao julgamento
Nas primeiras horas desta quarta-feira(24), a orla do Guaíba nas proximidades do Anfiteatro já se encontrava com intenso movimento. As barracas distribuídas pelo gramado dividiam espaço com os tambores e cantos da juventude e repentistas e violeiros que cantavam o golpe do impeachment de cima dos caminhões de som. Bancas montadas pelos partidos e movimentos políticos de esquerda distribuíam materiais e dialogavam com a população. O clima amistoso, pacífico e construtivo do último dia de mobilizações prevalecia, ao mesmo tempo em que o TRF4, cercado por um forte aparato policial, dava início ao julgamento de Lula. Nos carros, nos rádios e nos celulares, ouvidos e ouvintes atentos.
Fonte: Rita Garrido / STIMMMEC