#Destaques | 11/01/2019
Falta de segurança e condições precárias de trabalho fizeram mais uma vítima fatal em João Pessoa, na Paraíba. Um trabalhador de apenas 21 anos perdeu a vida enquanto trabalhava na construção de uma obra. O jovem Ray Severiano Lopes morreu soterrado dentro de uma vala e outros dois trabalhadores, seus colegas de trabalho, ficaram feridos no acidente que ocorreu na última terça-feira (8).
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil, Pesada, Montagem e do Mobiliário de João Pessoa e região (Sintricom), filiado à Conticom/CUT, acompanhou o caso e constatou que havia irregularidades nas condições de trabalho oferecidas pela empresa na obra.
“O acidente aconteceu por falta de iniciativas da empresa para a proteção coletiva. Não havia nenhum tipo de escoramento na vala que tinha mais de dois metros de profundidade. Os trabalhadores estavam fazendo limpeza da vala no momento do soterramento”, relata Edmilson de Souza, vice-presidente do Sintricom.
Para o dirigente, o acidente poderia ter sido evitado. “A empresa foi negligente. Deveria ter providenciado o escoramento da vala. O equipamento individual de proteção não basta. É preciso proteção coletiva nestes casos”, alerta.
Além das providências jurídicas, o Sindicato se colocou à disposição dos familiares das vítimas para dar todo suporte necessário nesses casos. “É um momento difícil para a família. Estamos à disposição dos familiares do jovem Ray e também dos trabalhadores que sobreviveram”.
Vítimas do trabalho precário
Para a secretária de juventude da Conticom/CUT, Amanda Trajano, o jovem Raí foi mais uma vítima fatal do trabalho precário e da falta de treinamento dos jovens trabalhadores que ingressam na profissão e precisam de treinos específicos para lidar com tarefas que exigem mais segurança e conhecimento. Das três vítimas do acidente, dois eram jovens.
“O setor da construção emprega muitos jovens sem experiência no setor. Com a vigência da terceirização generalizada, a situação piorou muito, pois não há nenhum processo de treinamento e as Comissões Internas de Prevenção a Acidentes (Cipas), quando existem, estão desarticuladas”, denuncia a dirigente.
Segundo Amanda, a terceirização e a reforma Trabalhista estão aprofundando o trabalho precário no setor da construção e essa é uma realidade que precisará ser combatida pelo movimento sindical.
“Se não enfrentarmos os retrocessos impostos nas relações de trabalho, veremos cada vez mais acidentes como esses ocorrem. E, assim, o que para muitos jovens pode ser uma oportunidade de emprego, para outros, como Ray, pode representar o fim da vida”, lamenta Amanda.
Com Bolsonaro, pode ser pior
A reforma Trabalhista e a terceirização generalizada aprovadas no governo ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) promoveram o aprofundamento do trabalho precário no setor da construção. No entanto, em menos de uma semana de governo, Jair Bolsonaro (PSL) aponta para um cenário ainda mais crítico, avalia o secretário de Saúde e Meio Ambiente do Trabalho da Conticom/CUT, Aloisio Costa.
“O fechamento do Ministério do Trabalho demonstra que a fiscalização não será prioridade desse governo. Além disso, ele fará de tudo para fragilizar a ação sindical nos locais de trabalho, já comprometida pela reforma Trabalhista. Até mesmo a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho estão ameaçados. Bolsonaro vai aprofundar o trabalho precário e o setor da construção será um dos mais prejudicados”.
Fonte: CUT Nacional, com informações Conticom/CUT