#Destaques | 19/12/2016
2016 ainda não acabou mas a gente pode dizer que ele foi extremamente desastroso para a classe trabalhadora. É um ano para a gente esquecer, pois foi pródigo em más notícias para todos. Foi um ano de desemprego, de arrocho salarial, de perdas de direitos e benefícios e de um aprofundamento da crise econômica e política de nosso país. A conjuntura de crise mais uma vez pautou todo o caminho da luta social e política das instituições, que não conseguiram evitar alguns retrocessos.
ELEIÇÕES
A crise política e econômica de nosso país gerou mais desemprego e serviu para o surgimento e crescimento de grupos conservadores que, com a ajuda da grande mídia, ajudaram a derrubar um governo popular e colocar em seu lugar um governo que ressuscitou o neoliberalismo, forma de governar que beneficia os donos do capital e faz os pobres pagarem a conta das crises. Também fez com que, nas eleições municipais, o número de representantes da classe trabalhadora caísse pela metade.
GOLPE
Infelizmente, 54 milhões de votos da eleição de 2014 foram jogados no lixo da história a partir do impeachment por “crime de responsabilidade” inventado por membros dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Assim, as forças conservadoras conseguiram afastar uma presidenta legitimamente eleita e deram posse a um governo ilegítimo e corrupto, visto o número de ministros já afastados por falcatruas e citados na operação Lava Jato. O próprio presidente Temer foi citado, assim como outros políticos importantes, mas o juiz Sergio Moro e a força tarefa da Lava Jato, com o apoio da grande mídia, tem como alvo principal os colaboradores dos dois governos encabeçados pelo PT para criminalizar a esquerda, enfraquecer a oposição, impedir que Lula volte ao poder por meio das eleições de 2018 e acabe com a farra neoliberal imposta por estes que não conseguem melhorar a economia exatamente por que governam para poucos.
RETROCESSOS
Embora o movimento sindical combativo e outras instituições que defendem de verdade a Constituição Federal tentassem evitar o golpe, ele foi consumado no final de agosto e colocou no poder um governo mais alinhado com a elite e a classe empresarial brasileira. Blindado pela grande mídia, este governo e as forças que lhe dão sustentação apresentaram desde o ano passado um enorme volume de projetos e propostas que visam a retirada de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, que começaram a tramitar com uma agilidade antes nunca vista no Congresso Nacional.
Em março, nosso sindicato publicou jornal mostrando os 55 projetos de lei e emendas apresentadas por deputados eleitos com o dinheiro dos patrões, como a terceirização sem limites, a prevalência do negociado sobre o legislado, o estabelecimento da jornada flexível de trabalho e do trabalho de curta duração e o fim da exclusividade da Petrobras na exploração do pré-sal, entre outros retrocessos.
O objetivo todos nós sabemos: transferir mais uma vez o ônus para a classe trabalhadora, que terá de pagar o pato de uma crise que não foi gerada por ela. Em vez de taxar as grandes fortunas, repatriar todo o dinheiro que a burguesia depositou ilegalmente no exterior e combater a corrupção e a enorme sonegação de impostos, o governo prefere fazer ajuste fiscal nas costas daqueles que sofrem com o fantasma do desemprego, com o arrocho salarial, com a perda de benefícios e direitos.
NEOLIBERALISMO
Logo que assumiu no lugar de Dilma, Michel Temer ressuscitou a cartilha neoliberal adotada pelos governos que antecederam Lula, especialmente o tucano FHC, que permitiu a privataria, o desemprego e o arrocho impostos pelo FMI. Temer extinguiu importantes departamentos e ministérios e impôs um sucateamento na EBC – Empresa Brasil de Comunicação e no INSS. Impôs o fim de recursos financeiros e a suspensão de contratos de inúmeros programas nas áreas de assistência social, moradia, saúde, segurança e educação públicas. Aliás, recentemente, Temer impôs alterações nas regras do pré-sal, que vão tirar recursos da educação e saúde públicas.
Agora o (des)governo Temer tenta meter goela abaixo uma reforma na Previdência Social para aprovar a idade mínima aos 65 anos e o congelamento dos investimentos públicos, medida que vai afetar a assistência social, a saúde e educação durante 20 anos. Por fim, na área do Trabalho, impôs demissões em massa na cultura, na saúde, na assistência social e no Banco do Brasil, e disse que não fará concursos até 2018. Agora se esforça para mudar a legislação trabalhista para contentar a classe patronal brasileira.
CAMPANHA SALARIAL
Os sindicatos metalúrgicos do RS, incluindo o nosso, mesmo tendo uma boa presença nas fábricas e nas grandes mobilizações estaduais e nacionais que reivindicavam avanços em salários, condições de vida e trabalho, benefícios e outros direitos, não conseguiram grandes avanços neste difícil ano.
No que se refere especificamente à campanha salarial, nosso sindicato – assim como a maioria dos sindicatos metalúrgicos do Brasil – conseguiu com muitas dificuldades a reposição da inflação nos salários e a manutenção de importantes cláusulas sociais. Embora a reposição da inflação tenha sido negociada de forma parcelada, a avaliação da diretoria e de boa parte da categoria consultada nas fábricas é de que, diante das circunstâncias, a campanha salarial deste ano foi satisfatória.
Fonte: STIMMMEC