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#Destaques | 26/02/2019

 

A recente Reforma Trabalhista tem causado precarização, rebaixamento de salários e debandada ao trabalho informal. Ora, pois, se o cenário passa a se moldar desta forma – menos direitos para ser contratado – qual a perspectiva dos trabalhadores em investir em suas aposentadorias?

 

À categoria metalúrgica, onde muitos atuam em condições insalubres e recorrem à aposentadoria especial, a PEC da Previdência configura imenso descaso com a saúde. Não bastando 25 anos de atuação em ambiente insalubre, agora exige-se uma soma de tempo de contribuição e idade. E qual o sentido de aumentar a exposição se o objetivo era justamente reduzir os danos e proteger a saúde do trabalhador?

 

Às mulheres, o aumento da idade mínima tanto no setor urbano quanto no rural, comprova o viés machista desta PEC, que desconsidera qualquer luta ou princípio de igualdade de gênero. Aos idosos de baixa renda, o aumento da idade mínima para o requerimento do BPC demostra perversidade com os menos assistidos. Aos trabalhadores de forma geral, a estipulação de 40 anos de atividade para requerer 100% do benefício é o fim da aposentadoria integral.

 

Na apresentação do governo, ricos e pobres irão se aposentar com a mesma idade. E é a partir desta visão, simplista e desonesta, que querem construir um sistema igualitário e justo. No entanto, sabemos que igualdade e justiça partem de um olhar atento aos menos favorecidos, da consideração social e histórica em relação ao gênero e das oportunidades até aqui lançadas. O Brasil, em sua imensa desigualdade, caminha com esta proposta ao aprofundamento de suas mazelas.

 

Paulo Chitolina é metalúrgico e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita

 

(Artigo publicado no jornal Diário de Canoas)

 

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Publicado em:26/02/2019

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