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#Destaques | 18/03/2016

Para o presidente dos metalúrgicos de Canoas e NSR, a política é cotidiana e decisiva na vida dos trabalhadores

 

 

No dia 13 de março, mais de 10 mil pessoas se manifestaram contra o golpe durante ato realizado na Redenção / Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

 

 

Diante de uma forte crise política que se agrava no país, muitos são os questionamentos que surgem diante da posição assumida por centrais sindicais e seus sindicatos filiados. O Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita, filiado a Central Única dos Trabalhadores (CUT), busca em seus meios de comunicação (jornais, site e redes sociais), orientar a categoria metalúrgica sobre projetos e ações políticas que visam conquistas ou perdas de direitos.

 

 

“Nossa preocupação é que os trabalhadores estejam cientes do cenário político estadual e nacional. E nós sabemos que é impossível estar a par desta situação buscando informações apenas pelos grandes meios de comunicação”, esclarece o presidente da entidade, Paulo Chitolina.

 

 

Paulo Chitolina, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita / Foto: STIMMMEC

 

A organização dos trabalhadores é histórica, quando ainda acontecia dentro das fábricas e visava melhorias trabalhistas diante de condições precárias no ambiente. Para que conseguissem divulgar suas reivindicações, trabalhavam em informativos, os chamados “jornais operários”, que segundo Vitto Giannotti, metalúrgico, líder sindical e importante figura para a comunicação popular, já eram mais de 500 no início do século 20.

 

 

Durante os anos que seguiram, a luta dos trabalhadores ganhou espaço com a criação de associações e sindicatos, entidades que organizam a pauta dos trabalhadores e lutam por direitos e conquistas. A organização dentro destes espaços se fez necessária devido ao crescimento das indústrias e do número de trabalhadores. Surgia assim a representatividade sindical, que em dias atuais tem como importante ferramenta de luta a comunicação.

 

AVozdoTrabalhador-BA

“A Voz do Trabalhador”, produzido na Bahia, em 1920

 

 

Chitolina acredita que os trabalhadores devem saber quem está do lado deles, tanto em relação à mídia, quanto em relação à política. “Não é novidade que os grandes meios de comunicação trabalham a favor das classes dominantes e, consequentemente, dos partidos que fazem política para estas classes. A Rede Globo tem seus interesses políticos, portanto, diariamente trabalha para enfraquecer políticas que garantiram direitos à classe trabalhadora”, ele afirma, apontando o jornalismo sindical como uma ferramenta importante nesta quebra de hegemonia. “Precisamos fazer o contraponto, apresentar uma versão diferente dos fatos e, principalmente, mostrar o que a grande imprensa não mostra”.

 

 

Sindicato x Política

 

 

A luta dos sindicatos está envolvida, em grande parte, com as questões do cenário político. Desde os projetos que representam retrocesso social até a implantação de um cenário de crise, com demissões e fechamentos de empresas, o processo político se faz presente.

 

 

Neste aspecto, Chitolina lembra que o país viveu recentemente uma era de crescimento, com geração de empregos e aumento de renda. Segundo ele, este processo deve ser atribuído ao momento político. “Apoiamos a chegado do Partido dos Trabalhadores à presidência porque acreditávamos que eles tinham um projeto compatível com as demandas dos trabalhadores. E ainda assim, nunca deixamos de cobrar melhorias para a categoria. Fazer política também é nossa obrigação”.

 

 

Nas assembleias realizadas na porta das fábricas, pautas de cunho político sempre estão presentes nos discursos. Na última campanha salarial o Sindicato tratou de temas importantes para o conhecimento dos trabalhadores, como a terceirização, a redução da maioridade penal, a alimentação saudável, saúde do trabalhador, melhores condições de trabalho com redução de jornada e sem redução de salário. Foram pautas discutidas de forma ampla em que a entidade atuou de maneira crítica a uma possível aprovação do governo.

 

 

Pautas políticas sempre foram abordadas na porta das fábricas da base / Foto: STIMMMEC

 

 

 

Para a direção do Sindicato, é inevitável separar a política da vida sindical. “Partidos políticos não são entidades que pairam no ar sem relação com a sociedade. Isso, além de ser ilusório, não é verdadeiro”, lembra o presidente, que também aponta que sindicatos patronais e empresários, igrejas e demais instituições possuem algum tipo de vínculo ou apoio com a política. “Essa ideia de instituições no nirvana é uma ideologia distorcida em função de interesses do momento”.

 

 

As mobilizações convocadas pela CUT, que cobram mudanças na política econômica como as alterações na tabela de imposto de renda e o fim do fator previdenciário, são distorcidas pela cobertura dos veículos tradicionais de comunicação. Sair às ruas para defender direitos a democracia, sempre levantando críticas ao governo, se transforma apenas na defesa de um partido.

 

 

Em 2015, o 1º de maio lotou a Usina do Gasômetro / Foto: STIMMMEC

 

 

O presidente Chitolina alerta os trabalhadores para o real motivo das mobilizações e do envolvimento político do Sindicato. “Nosso sindicato em conjunto com a CUT tem como princípio defender um projeto para garantir direitos aos trabalhadores. Não se trata de defender um ou outro partido político. Se trata de fazer política e nós acreditamos que este posicionamento é fundamental para garantir direitos”.

 

 

Fonte: STIMMMEC

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Publicado em:18/03/2016

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