#Notícias | 04/11/2019
Como parte de uma campanha estadual, encabeçada pela Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTM-RS), o tema da PLR foi pauta de encontros e debates promovidos pela entidade nos últimos meses.
Em Canoas e Nova Santa Rita, muitas empresas já aderem às negociações e o objetivo de tal mobilização é entusiasmar trabalhadores e trabalhadoras a participar das mesas e/ou inserir modelos do programa nas empresas que ainda não têm, sempre com o apoio e a fiscalização do Sindicato. Abaixo, confira alguns exemplos de negociações do programa de Participação nos Lucros e Resultados que já ocorrem em nossa base.
General Electric (GE)
A PLR da General Electric – antiga Coemsa – surgiu em 1996 por meio de reuniões dos trabalhadores da empresa no Sindicato, visto que o programa estava ganhando forma na categoria. Contudo, a fábrica passou a incentivar a participação dos funcionários na produção e negociou um pagamento igualitário a todos somente no ano seguinte.
Hoje, a GE tem suas metas fechadas em janeiro e as negociações do programa de lucros são praticadas a partir de maio. Uma comissão diferente é formada a cada dois anos e composta por um representante dos trabalhadores do financeiro, do administrativo e do chão de fábrica. A mesa de negociações conta também com um funcionário indicado pelo RH e um dirigente sindical.
De acordo com André Soares (o Índio), secretário de Imprensa e Divulgação do Sindicato, a PLR possui metas individuais e coletivas. O valor conquistado nas negociações é sempre reajustado acima da inflação do período, resultando em aumento real. Todos recebem no mínimo quatro vezes o piso da metalurgia. Os trabalhadores horistas ganham o pagamento em duas partes (a primeira metade em julho e o restante em março do ano seguinte) e os mensalistas são pagos com uma parcela única em março.
Maxiforja
O Programa Maxi Resultados (PMR) iniciou em 1996 depois de muito esforço pela valorização da mão de obra dos trabalhadores. Até então, a empresa negava qualquer necessidade de pagar parte dos seus lucros e barrava os funcionários que quisessem compor uma comissão de negociação.
Segundo o dirigente Leandro Freitas, atualmente, três representantes da empresa, três trabalhadores eleitos, e um dirigente sindical negociam o programa. O acordo começa a ser discutido em novembro e, mensalmente, a empresa reune os trabalhadores para apresentar como estão as metas e valores. Quando surge uma proposta satisfatória, a votação é aberta.
Os pagamentos são feitos no fim de janeiro e proporcionais ao salário de cada funcionário, fato que é questionado na fábrica. “A soma dos valores conquistados por todos, que se esforçam para cumprir as metas, não deveria ser dividida de maneira desigual”, afirma o dirigente Antônio Munari. Através de muitas mobilizações e atividades na frente da Maxiforja, os trabalhadores e o Sindicato conquistaram um bônus com limite salarial para compensar as diferenças.
Edlo
As primeiras discussões para que os trabalhadores e trabalhadoras ganhassem uma parte dos lucros da Edlo começou também em 1996, mas de uma forma diferente. Até meados de 2009, os seis integrantes da comissão dos trabalhadores negociavam anualmente com a empresa prêmios simbólicos, evitando que houvesse radicalização no chão de fábrica. Com o passar dos anos, as negociações foram ficando mais benéficas aos funcionários e ganhando força dentro da metalúrgica.
Atualmente, os acordos passam a ser discutidos no primeiro trimestre, período em que todos os trabalhadores já voltaram do recesso. Três integrantes indicados pela Edlo e dois dirigentes sindicais, Joe Medeiros e Adriano Barth, formam a comissão. Depois que todas as questões são esclarecidas aos contemplados pelo programa, a proposta é votada em assembleia realizada no refeitório da empresa.
De acordo com Joe Medeiros, nunca houve um grande impasse nas negociações. Mesmo em períodos complicados para as vendas, os metalúrgicos recebem o pagamento em até três vezes. O ganho máximo do programa na empresa é de 65% da folha de pagamento, ocorrendo um rateio em partes iguais aos que trabalham o ano todo e proporcional aos demais. “O último ano foi muito ruim e não conseguimos atingir as metas. Então, conversamos com o representante da fábrica e obtivemos um prêmio a todos os funcionários”, revela. Quando as metas são alcançadas, o valor recebido é de, em média, um salário mínimo. A comissão acredita que trata-se de uma grande conquista visto que a maioria dos companheiros recebe apenas o piso da categoria.
Siemens
A PLR entrou em vigor na Siemens somente em 2005. Segundo Márcio Bonotto, dirigente sindical e membro da direção da CNM/CUT, a mesa de negociação é composta pelos três trabalhadores mais votados em eleição secreta, três indicados pela empresa e um representante do Sindicato. O acordo possui validade de dois anos e, quando o prazo é encerrado, as comissões reúnem-se novamente.
As negociações iniciam em setembro, mês em que ocorre o fechamento fiscal da empresa no Brasil. Os funcionários são informados em reuniões convocadas pelos representantes dos trabalhadores na medida em que as conversas evoluem. “As negociações foram sempre tranquilas. Nunca tivemos qualquer impasse, muito menos a necessidade de ingressar judicialmente para resolver alguma questão”, afirma o dirigente. Os metalúrgicos da Siemens recebem a PLR sempre no mês de novembro, proporcional ao salário nominal.
Harman
A PLR da Harman foi criada há 23 anos, época em que a empresa ainda recebia o nome Eletrônica Selenium. O Sindicato conduziu a assembleia que compôs a Comissão de Negociação dos Trabalhadores, após informar todos os presentes sobre os aspectos legais e específicos da então Medida Provisória – posteriormente aprovada para Lei – da PLR. Antoninho Pires, hoje dirigente sindical, foi um dos trabalhadores eleitos.
A primeira proposta negociada entre os trabalhadores e os diretores da Harman contou com elementos que já não existem mais. A pontuação obtida através das métricas de Produtividade, Yeld e Retorno na Garantia era colocada sobre o percentual de um por cento do faturamento. Já não ocorriam descontos de faltas justificadas, como licença maternidade, licença paternidade, afastamento por acidente de trabalho ou por doença. Os funcionários recebiam o valor em duas parcelas, de acordo com o faturamento de cada semestre.
Para o dirigente Rodrigo D’ Ávila, o Sindicato tem um papel fundamental na conscientização sobre a escolha da comissão que lute verdadeiramente por melhores resultados em prol do trabalhador. A atual composição da chapa é formada por um integrante do setor administrativo e dois do chão de fábrica, como o companheiro José Ilso, dirigente da FTM-RS. Esta comissão juntamente com Rodrigo D’Ávila discute com os representantes da empresa, a partir de abril, metas de eficiência e sucata.
“Só concluimos a negociação depois de um bom acordo com responsabilidade e analisando a conjuntura da fábrica. Os trabalhadores têm a palavra final, quando votam em assembleia. Nos últimos anos, conquistamos um valor que vai de 50% do salário a um salário nominal”, afirma. Também há o bônus do dissídio, reajustado anualmente. Depois de fechada a PLR, os metalúrgicos recebem o pagamento igualitário em julho e, no final do ano, um valor proporcional ao salário nominal.
AGCO
Com negociações desde 1996, a AGCO, antiga Iochpe Maxion, nomeia o programa como PROPAR. A composição da mesa de negociação ocorre em janeiro com cinco trabalhadores eleitos e cinco indicados pela empresa. Dois dirigentes sindicais participam do processo, que é concluido e tem seus indicadores definidos até o fim do primeiro semestre.
Há uma diferenciação entre os indicadores da manufatura e do administrativo no que se refere às metas. No entanto, ambos os setores são representados na comissão, que tem autonomia para negociar e definir os indicadores.
As reuniões não ocorrem com uma periodicidade definida, segundo descreve Silvio Bica, vice-presidente do Sindicato. “Nos reunimos sempre que necessário, até atingir uma proposta viável aos trabalhadores. Já ocorreu de nos reunirmos duas vezes em um mesmo dia”, ressalta. Após a definição das metas, as comissões avaliam os indicadores mensalmente.
Nos últimos anos, os ganhos advindos do PROPAR resultam em média até cinco vezes o piso da categoria. Uma parcela fixa é adiantada no mês de julho e o valor restante é pago até fevereiro do ano seguinte. Embora, as negociações sejam difíceis e com desentendimentos entre as comissões. “Já tivemos divergências quanto à definição dos indicadores e, por vontade da comissão da empresa, realizamos mediação na Justiça do Trabalho para solucionar”, afirma. “Por este motivo é importante ter trabalhadores da empresa na mesa de negociações, pois somente estes conhecem a realidade do trabalho e podem questionar quando os indicadores são abusivos. Com o auxílio do Sindicato, negociamos metas e valores justos”, conclui.
Forjasul
Seguindo a tendência das grandes empresas, a Forjasul teve negociações de PLR instaladas na década de 1990, mais especificamente em 1996, após muita reivindicação dos trabalhadores.
Atualmente, as negociações ocorrem entre novembro e janeiro, com a formação das comissões (três trabalhadores eleitos, três indicados pela empresa, um gerente da empresa e um representante sindical) e as reuniões para estabelecer as metas. No entanto, Antonio Munari, dirigente e representante do Sindicato na mesa, que “é difícil negociar porque a direção da empresa exclui o Sindicato o máximo possível, dificultando até a realização de assembleias para informar o andamento das negociações”.
A PLR na Forjasul estipula metas individuais e coletivas, tendo como indicadores “presença”, “produção”, “renovação da certificação”, “índice de qualidade” e “faturamento”. O pagamento é dividido em partes iguais e feito em duas parcelas, em fevereiro e agosto.
Mangels
As negociações de PLR na empresa tiveram início em 2004, inicialmente, negociando o pagamento dos valores de forma proporcional ao salário nominal de cada trabalhador e depois, alterando para pagamento em partes iguais.
Atualmente, as discussões têm início em fevereiro, com a formação das comissões (dois trabalhadores eleitos, dois indicados pela empresa e um representante mediador do Sindicato). São estipuladas e debatidas metas individuais (faltas e seguro) e coletivas e, no decorrer das negociações, os trabalhadores da fábrica são informados pela comissão que elegeram.
Segundo o dirigente Mario Almansa, já ocorreram impasses significativos durante as negociações, mas nunca atingiram a necessidade de uma mediação na Justiça do Trabalho. “A pressão da comissão fez com que possíveis problemas nunca se estendessem para fora da mesa de negociações”.
Quando as comissões atingem uma proposta em consenso, é realizada votação secreta junto aos trabalhadores(as) da fábrica. Os valores atingidos com negociações do PLR representam cerca de uma vez o piso da categoria, estipulado na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Sulmatre
Negociada há cerca de 12 anos, a PLR da Sulmatre tem início no mês de janeiro com a formação da comissão, composta por três trabalhadores e dois representantes do Sindicato. Estes avaliam os números da produção e as projeções da empresa para o ano seguinte.
Quando são estabelecidas as metas, o acordo concede aos trabalhadores o equivalente a dois salários nominais, com parcela em julho e em janeiro. No decorrer deste período, são realizadas reuniões para verificar o andamento da produção. Segundo os dirigentes Dalcemar Soares e Silvio Bica, responsáveis pelo acompanhamento das negociações, caso surja qualquer impasse, o problema é resolvido na mesa. “Geralmente existe alguma discordância sobre os valores, mas solucionamos em conjunto com a empresa e os trabalhadores da comissão”.
Midea
Conhecido na empresa como PAR (Programa de Participação nos Resultados), o programa é negociado desde 1998. As comissões são formadas no início de fevereiro e as negociações vão até abril. Com as metas definidas, outras reuniões entre as comissões são realizadas para acompanhar o andamento dos indicadores.
Diferentemente das demais empresas da base, o PAR da Midea é negociado a nível nacional, ou seja, o acordo e as metas valem para os demais polos espalhados no Brasil. Cinco trabalhadores eleitos pela fábricas, em conjunto com outros cinco indicados pela empresa, um representante do Sindicato e um diretor da empresa, negociam os termos. Os resultados são informados em janeiro do ano seguinte e o pagamento ocorre até o mês de março, em parcela única.
Cecílio Guterres, dirigente que representa o Sindicato nas negociações, afirma que quando surge algum impasse na mesa, a decisão se dá por meio de votação na mesa. “As comissões têm autonomia para negociar e decidir já que foram eleitas para isso. Os trabalhadores são informados sobre o andamento do acordo por e-mail e reuniões”.
Em média, os trabalhadores conquistam um salário nominal ao atingirem 80% do indicador “lucro”, que representa uma projeção da empresa a respeito do lucro líquido. Os demais indicadores – Vendas, Fluxo de Caixa, Produtividade e Qualidade – acrescem no valor total dos resultados.
Ikro
Assim como muitas metalúrgicas da base, a Ikro também deu início às negociações de PLR em 1996. Por insistência do Sindicato, em conversa com os trabalhadores que viam a ampliação dos acordos na categoria, a empresa aceitou negociar mas nos anos seguintes as metas da empresa não foram atingidas o que inviabiliza os pagamentos. Após alguns anos, em 2012 houve nova tentativa do Sindicato em retomar a PLR, que somente se consolidou a partir de 2016.
Com uma proposta consolidada nos últimos anos, as comissões, compostas por 3 trabalhadores eleitos, mais 3 indicados pela empresa e um representante do Sindicato, avaliam as projeções e metas do ano. O pagamento é feito em partes iguais e em duas parcelas: uma em outubro e outra no mês de abril.
Novus e Exatron
A Novus e a Exatron estão à parte na lista das fábricas com PLR porque mudaram recentemente de unidade. Em 2018, as duas empresas saíram de Porto Alegre para ser implementadas no Parque Canoas de Inovação (PCI) e já vieram com o programa de participação nos lucros estabelecido.
A mesa de negociação de ambas é composta por três trabalhadores eleitos em votação, três representantes indicados pela empresa, um gerente e um dirigente sindical. De acordo com Antonio Munari, dirigente que acompanha os processos, os trabalhadores optaram por renovar o mesmo acordo do ano passado devido à transferência.
Na Novus, 5% do faturamento líquido é destinado ao pagamento da PLR. Este ano, a empresa garantiu a todos os trabalhadores o salário e um extra de 15%, desde que a meta seja alcançada. Os indicadores são divulgados sempre noventa dias após o fechamento do semestre e o pagamento ocorre em novembro.
Já na Exatron, 2 a 8% do lucro líquido são destinados ao pagamento da PLR. As metas individuais e coletivas da empresa possuem como métrica o faturamento, a margem de lucro líquido, produtos produzidos e estocados e o índice geral. Os trabalhadores que recebem até dois salários ganham sua parte integralmente em março. Para quem tem salários maiores, o valor é pago em duas parcelas (março e junho).
Fonte: STIMMMEC