#Destaques | 17/05/2016
Artigo de diretora da CUT-RS combate preconceitos históricos das elites contra movimentos sociais
A defesa da democracia e o combate aos preconceitos alimentados pelas elites dominantes contra os movimentos sociais ao longo da história são o tema central do oportuno artigo “Para que servem os movimentos sociais”, da professora Vitalina Gonçalves, secretária de administração e finanças da CUT-RS e integrante da Frente Brasil Popular, publicado na edição desta segunda-feira (16) do Jornal do Comércio.
“Neste momento de exacerbação dos conflitos políticos é comum emergirem opiniões infectadas de preconceitos contra os movimentos sociais. Essa postura remonta ao início do século passado, quando os imigrantes, negando-se a serem tratados como escravos assalariados, decidiram protestar. À época bradavam as elites: ‘pau neles’, ‘são vadios’, ressalta Vitalina.
Para ela, “não fossem os negros ‘fujões’ os senhores de engenho teriam alongado a escravidão. O que seria das mulheres sem as ‘loucas’ sufragistas que lutaram pelo direito a voto? O que seria do direito do trabalho se não fossem os ‘baderneiros’ que lutaram pela redução da jornada de trabalho, intervalo para almoço, férias, direito a aposentadoria, etc?”.
Vitalina defende a atuação dos movimentos sociais e alerta que “querer criminalizá-los ou eliminá-los é um flerte perigoso com o fascismo ou demonstração de ignorância e preconceito, comportamentos hoje em alta na sociedade, porém na contramão de uma cultura respeitosa, humana e democrática”.
Leia a íntegra do artigo da dirigente da CUT-RS.
Para que servem os movimentos sociais?
A vida em sociedade é eivada de conflitos motivados por disputas em torno de bens materiais, culturais e simbólicos. Inventamos a política para vivermos em coletividade. A ausência da política transforma a vida social em um campo de batalha.
Recentemente, as civilizações deram um passo adiante e inventaram a democracia para garantir equanimidade de expressão e aquisição de direitos. Uma sociedade democrática não se caracteriza apenas pela formalidade de suas instituições, mas quando assegura que quem dela participa tenha acesso a bens. Portanto, a desigualdade é um ataque frontal à ideia de democracia. Até os liberais mais sensatos reconhecem esses pressupostos.
Neste momento de exacerbação dos conflitos políticos é comum emergirem opiniões infectadas de preconceitos contra os movimentos sociais. Essa postura remonta ao início do século passado, quando os imigrantes, negando-se a serem tratados como escravos assalariados, decidiram protestar. À época bradavam as elites: “pau neles”, “são vadios”.
Não fossem os negros “fujões” os senhores de engenho teriam alongado a escravidão. O que seria das mulheres sem as “loucas” sufragistas que lutaram pelo direito a voto? O que seria do direito do trabalho se não fossem os “baderneiros” que lutaram pela redução da jornada de trabalho, intervalo para almoço, férias, direito a aposentadoria, etc?
O que seria da humanidade se os camponeses não se insurgissem contra o regime feudal? O que seria do capitalismo sem os “agitadores” da revolução francesa, que abriram espaço para que a burguesia, pelo menos uma vez, se apresentasse como classe rompedora de grilhões? O que seria da civilização sem a rebeldia dos jovens?
Todo poder constituído, principalmente quando usurpado, gera reações e contrapoderes, que se manifestam na forma de movimentos sociais. Querer criminalizá-los ou eliminá-los é um flerte perigoso com o fascismo ou demonstração de ignorância e preconceito, comportamentos hoje em alta na sociedade, porém na contramão de uma cultura respeitosa, humana e democrática.
Vitalina Gonçalves
Professora, secretária de Administração e Finanças da CUT-RS e integrante da Frente Brasil Popular
Fonte: CUT-RS