#Notícias | 07/12/2015
“Não vai ter golpe. Vai ter luta”. Esse foi o grito mais entoado por centenas de pessoas que participaram na tarde ensolarada do último sábado, dia 5, da aula pública em defesa da democracia, realizada em frente ao Monumento ao Expedicionário, na Praça da Redenção, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Outra palavra de ordem bastante gritada foi “ai,ai,ai, ai, ai, ai, empurra o Cunha que ele cai”.
O ato, que foi aberto pelo cineasta Jorge Furtado, contou com manifestações de dirigentes de CUT e CTB, deputados federais e estaduais, vereadores e representantes de movimentos sociais, foi encerrado pelo ministro do Trabalho e da Previdência Social, Miguel Rosseto. A atividade foi promovida pelo Bloco da Diversidade, Levante Popular da Juventude, Organização Mariguella, UJS e JPT, com apoio da CUT, CTB e outras entidades e movimentos.
“Convivi metade de minha vida em uma democracia e metade numa ditadura. Posso garantir a todos vocês que a democracia é melhor. Não vamos deixar que isso aconteça”. Com essas palavras, Jorge Furtado abriu sua participação, defendendo o mandato da presidenta Dilma Rousseff. Foi uma aula pública contra o movimento de impeachment patrocinado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e apoiado pela oposição capitaneada pelo PSDB, derrotada no voto nas eleições presidenciais de 2014.
“Não há democracia sem política e por isso precisamos sair às ruas para defendê-la”, disse ainda Furtado, acrescentando: “O PT cometeu alguns erros ao longo desses últimos anos e um deles foi se aliar a canalhas. Só estou aqui hoje porque o PT, esta semana, tomou uma decisão correta em favor da cassação de Eduardo Cunha. Estou junto nesta luta”.
Jorge Furtado afirmou ainda que existe um enorme interesse internacional pela Petrobras. “Essa quadrilha começou a roubar a Petrobras em 1997, no final do governo Fernando Henrique Cardoso. O ministro da Justiça na época era Renan Calheiros”. Esse esquema, prosseguiu, está sendo desbaratado agora graças a duas leis sancionadas pela presidenta Dilma, uma delas sobre a delação premiada.
A deputada federal Maria do Rosário (PT) e o deputado federal Henrique Fontana (PT) também participaram do ato e destacaram o novo momento político que o Brasil vive. “Os campos estão nítidos. De um lado estão aqueles que defendem a democracia e a soberania do voto popular. Do outro, estão setores das elites e os golpistas que querem derrubar a presidenta eleita do país”, disse Rosário.
“Cunha queria que acobertássemos o jogo sujo, mas a nossa dignidade não tem preço”, frisou a deputada, que saudou o espírito dos meninos e meninas secundaristas de São Paulo que dobraram o governo Ackmin e evitaram o fechamento de mais de 90 escolas.
“Meu sentimento é que a última quarta-feira mudou a conjuntura política do país. Temos agora uma caminhada a fazer de muita conversa com a população brasileira. O que atesta a ilegitimidade deste processo é que a sua primeira assinatura é de Eduardo Cunha, um dos políticos mais corruptos deste país”, frisou Fontana.
Rossetto destacou que a presidenta Dilma disse não a uma política de chantagem e opressão. Rossetto rebateu os três motivos que estão sendo apresentados como razões para justificar um impeachment. O primeiro deles é um suposto envolvimento nos casos de corrupção que estão sendo investigados na Petrobras. “Nós temos centenas de horas de gravações de investigações e delação premiada e em nenhum momento aparece o nome de Dilma”.
A segunda razão é a opinião do Tribunal de Contas da União sobre as contas da 2014. “Nós vamos derrotar no Congresso a opinião do TCU. Além disso, o TCU listou 17 agentes públicos que estariam envolvidos em supostas irregularidades envolvendo essas contas. Em nenhum momento a presidenta Dilma é citada”. E a terceira razão, concluiu Rossetto, são as contas de 2015. “Nós nem terminamos o ano de 2015 ainda e essas contas só serão avaliadas a partir do ano que vem. É golpe. Não há nada que justifique qualquer iniciativa legal contra o mandato da presidenta Dilma”.
“Nós estamos aqui hoje”, encerrou Rossetto, “nos apresentando mais uma vez para dizer que não haverá golpe. Se, para alguns, a referência moral é Eduardo Cunha, para nós a referência é Dilma. Nossa tarefa agora é construir uma ampla frente democrática para derrotar essa aventura golpista”.
O vice-presidente da CUT-RS, Marizar de Melo, ressaltou a importância da mobilização contra o golpe e o retrocesso e convocou os presentes a participar da 20ª Marcha dos Sem, a ser realizada na próxima sexta-feira (11), com concentração às 14h, na Rótula do Papa, na esquina das avenidas Érico Veríssimo e José de Alencar, no bairro Azenha. Também destacou que às 9h da manhã do mesmo dia vai ocorrer o lançamento oficial da Frente Brasil Popular, no auditório da Fetag, na capital gaúcha.
O deputado Adão Villaverde (PT) reafirmou o compromisso com a democracia, o Estado Constitucional de Direito e a luta contra a tentativa de golpismo. “Reforçamos que, mais do que nunca, é necessário que a sociedade civil e os movimentos sociais e sindicais se mobilizem para barrar a tentativa de golpe de destituir a presidenta Dilma de seu cargo e evitar retrocessos para o país”.
Também se manifestaram a vereadora Sofia Cavedon (PT) e representantes de vários movimentos sociais. A aula pública esquentou a mobilização dos gaúchos contra o golpe e retrocesso. Foi aqui que aconteceu o Movimento pela Legalidade, em 1961, que garantiu a posse do presidente João Goulart, o Jango. “Não passarão”, disse o ex-vereador e advogado de presos políticos durante a ditadura militar, Werner Becker.
Fonte: CUT-RS com RSUrgente e Sul21