
DIEESE
#Destaques | 06/03/2025
No mês que simboliza uma série de lutas por direitos das mulheres, uma parceria do Sindicato com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), apresenta dados sobre as mulheres trabalhadoras na Indústria Metalúrgica de Canoas e Nova Santa Rita
As mulheres são maioria na população brasileira (51,5%) no entanto, possuem menor participação no mercado de trabalho (53,3% elas e 73,2% eles). E aquelas que estão empregadas enfrentam desvantagens, ocupando cargos menos valorizados socialmente (mesmo sendo mais escolarizadas), enfrentando dificuldades de melhoria na carreira e recebendo menores salários (em média 20,7% inferior ao dos homens).
A desigualdade de gênero é multifatorial, estrutural e construída socialmente, por isso pode e deve ser mudada. Sabemos que essa assimetria se manifesta em várias dimensões e espaços, seja do uso do tempo, das responsabilidades familiares e domésticas, dos espaços de poder, da participação da mulher nos espaços públicos, no mercado de consumo mas também e notadamente no mercado de trabalho.
No mercado de trabalho, diversos são os fatores que contribuem para essa desigualdade, dentre os quais, podemos assinalar:
- O tempo de dedicação desproporcional aos afazeres domésticos;
- A falta de creche ou auxílio creche (pode ser decisiva para não entrada da mulher no mercado de trabalho);
- A insuficiência ou ausência de políticas públicas ou redes de apoio capazes de dar suporte a economia do cuidado, onde as mulheres acabam assumindo todos os cuidados do lar e familiares;
- Também podemos assinalar o fenômeno do chamado teto de vidro, que diz respeito a uma barreira invisível/sutil que dificulta o acesso das mulheres a níveis mais altos da hierarquia organizacional das empresas, resultando em baixa participação em cargos de gestão e, consequentemente, nas altas esferas do poder, do prestígio e das remunerações. Essa barreira sutil, aparentemente invisível aos olhos de todos, influencia nas oportunidades de carreira, bem como na progressão profissional.
Nesse contexto, no plano sindical, a negociação coletiva tem sido um importante instrumento na busca de equidade de gênero e garantias ao trabalho da mulher com importantes avanços em cláusulas referentes a igualdade salarial, maternidade/paternidade, saúde da mulher, condições de trabalho, assédio sexual/ moral, dentre tantos outros temas que afetam diretamente a inserção, permanência e progressão das mulheres no mercado de trabalho.
A representatividade de mulheres em espaços decisórios se mostra um importante elemento para o avanço no combate às desigualdades de gênero no ambiente de trabalho. Tanto nas posições de gestão e comando dentro das empresas, como também nas diretorias de entidades sindicais, inclusive na composição dos grupos de dirigentes sindicais que atuam nas mesas de negociação.
Para isso são fundamentais ações de equilíbrio entre trabalho, família e vida pessoal que envolvam não só homens e mulheres, mas também outros atores como sindicatos, empregadores e Estado.
NA BASE, MULHERES REPRESENTAM 18% DA FORÇA DE TRABALHO
O setor metalúrgico é uma atividade econômica predominantemente masculina, assim como em boa parte do ramo industrial. Essa característica ilustra as relações de gênero estruturantes do mercado de trabalho, em que as mulheres possuem impedimentos de ingressarem determinadas atividades com forte valor social agregado. Se inserir dentro dessa atividade majoritariamente masculina é uma grande conquista das trabalhadoras, mas ainda há um longo caminho a se percorrer.
Em um recorte de dados para os vínculos formais de emprego na base metalúrgica de Canoas e Nova Santa Rita, é possível verificar que a participação das mulheres na categoria permanece baixa (18%, cerca de 1.300 mulheres) e segue os mesmos patamares de 13 anos

Gráfico 1 – Distribuição vínculos formais – Homens e Mulheres Ind. Metalúrgica – Canoas e Nova Santa Rita – 2010 a 2023
Fonte: DIEESE