Escrito por

#Notícias | 27/07/2015

Neste sábado, 25 de julho, o Brasil perdeu o mestre da comunicação sindical e popular, Vito Giannotti.

 

Nascido há 72 anos em Lucca, na Toscana, região central da Itália, Vito chegou ao Brasil em 1964, ano do golpe civil-militar. Trabalhou como metalúrgico e participou ativamente da militância sindical em São Paulo, onde participou de greves históricas. Foi preso, torturado, mas manteve-se firme na luta. Participou de oposições sindicais e, no final da década de 70, ajudou a fundar o chamado Novo Sindicalismo com Lula. Mais tarde, ajudou a fundar a CUT. Virou historiador, escritor, jornalista, professor, sempre militando pela democracia, pelo socialismo, ajudando a organizar a luta dos movimentos popular e sindical, especialmente por meio da formação e da comunicação.

 

Amante de livros e autor de dezenas de obras relacionadas à história do mundo do trabalho, com ênfase na comunicação, Vito criou o NPC – Núcleo Piratininga de Comunicação, centro de estudos, de memória, de debates, de produção e troca de conhecimento, no Rio de Janeiro, onde passou a residir há 11 anos. Junto com sua companheira, a jornalista Cláudia Santiago, também fundou a Livraria Antônio Gramsci, que acabou se tornando um ponto de encontro de intelectuais de esquerda e lutadores populares.

 

O argumento, o sotaque, a voz firme e estridente, e o discurso ácido contra sindicatos e movimentos que desprezam a necessidade de produzir comunicação de qualidade com a sociedade, enfeitado com alguns palavrões perdoáveis, eram marca registrada e prendiam a atenção das pessoas as quais se dirigia.

 

Dono de um coração enorme, Vito acumulava amigos por onde passava: tinha sempre uma palavra de carinho, de consolo, de esperança. Sabia fazer o enfrentamento “sem perder a ternura jamais”, como propôs certa vez um dos ídolos que ele ostentava nas suas camisetas.

 

“Quem teve o prazer de conhecê-lo e conviver com ele, ganhou muito. Sua vitalidade, força, vontade de viver e transformar o mundo eram contagiantes. Seus gritos, palavrões e disposição para repassar seus conhecimentos farão muita falta ao mundo. Mas o que fará mais falta é sua amizade e amor”, registrou a jornalista gaúcha Kátia Marko, ex-assessora de imprensa da CUT/RS e colaboradora do NPC.

 

Por meio dos cursos anuais do NPC – que este ano terá a 21ª edição – Vito ajudou a formar e reciclar os conhecimentos de muitos dirigentes e jornalistas sindicais gaúchos de várias categorias e sindicatos, entre os quais dos metalúrgicos de Canoas, Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, entre outros.

 

Vito deixa esposa, dois filhos, uma enteada e uma legião de admiradores Brasil afora. Vito deixa obras literárias, ensinamentos que serão referência para muitas gerações. Vito deixa um legado de luta, resistência e esperança de uma sociedade socialista, mais justa, humana e fraterna, com menos desigualdades, menos preconceitos, menos ódio, menos individualismo…

 

Valeu, Vito!

 

 

Por Geraldo Muzykant, jornalista

Fontes:

Publicado em:27/07/2015

Voltar

Notícias Relacionadas