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Escrito por

Rita Garrido

#Notícias | 08/08/2023

O 16º Congresso Estadual da CUT Rio Grande do Sul (16º CECUT-RS) teve início na tarde desta sexta-feira (4) com os encontros dos setores e macrossetores do Estado, antecedendo a abertura oficial do evento realizada no início da noite no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa.

Com o auditório lotado da Federação dos Trabalhadores da Alimentação do RS (FTIA-RS), foi realizado o debate do Macrossetor da Indústria, composto por oito ramos de produção (Metalurgia; Celulose, Papel e Papelão; Calçadista, Alimentação; Construção Civil, Moveleiro; Petroquímico e Químico).


O evento debateu os trabalhos que são realizados na região Sul e lançou projeções de políticas a serem construídas em nível regional e nacional, destacando a necessária inserção dos temas sociais para a constituição de uma política industrial inclusiva e renovada.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, participou da mesa de abertura, exaltando a importância das discussões sobre a indústria no Estado.

“É uma felicidade a existência deste espaço de discussão. O Macrossetor teima em reunir e em discutir o futuro da indústria no Brasil, que nós sabemos que cumpre um papel fundamental para a reconstrução do país”, afirmou o dirigente sindical. Ele destacou a importância das aproximações que estão sendo estabelecidas por integrantes do grupo, que já conta com experiências de mesas municipais tripartites.

Câmara Temática da Indústria

Na Região Metropolitana de Porto Alegre, a constituição da Câmara Temática da Indústria se consolidou como uma iniciativa para alavancar o setor e a qualidade de vida dos trabalhadores e das trabalhadoras no município de São Leopoldo.

Proposto pelo movimento sindical, o espaço é reconhecido pelo Decreto Municipal nº 10.017, de dezembro de 2021, e conta com a participação do Poder Público Municipal, de empresários e representantes dos trabalhadores.

O diretor da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTM-RS), Milton Viário, frisou que o processo de reindustrialização não será feito só por um setor, por um governo, um empresário ou um trabalhador. “É esse tripé que vai garantir um movimento efetivo e em São Leopoldo nós temos essa experiência”, disse.

O diretor executivo do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Metal Elétrico e Eletrônico de São Leopoldo (Sindimetal), Valmir Bizzutti, que é integrante da Câmara Temática, participou do encontro e lembrou que o espaço nasceu no início da pandemia, em 2020, num cenário muito complexo para o trabalho.

No decorrer dos encontros, afirmou Pizzutti, surgiu a necessidade de trabalhar com dados mais precisos da região, momento em que a universidade, no caso a Unisinos, de São Leopoldo, entrou como apoiadora da iniciativa, sustentando as discussões com pesquisas e levantamentos.

O representante do Sindimetal também destacou as divergências existentes na Câmara e o acordo firmado entre os integrantes, para que fosse possível avançar nas discussões e projetos. “Nós trabalhamos nas pautas que temos convergências e que podemos melhorar”.

Segundo ele, a estratégia da Câmara é diagnosticar problemas relacionados à indústria no município, mapear as iniciativas existentes e, a partir disso, organizar e desenvolver projetos que contribuam para a cidade.

De forma efetiva, a Câmara Temática distribui este trabalho em quatro subgrupos, que são: Educação; Infraestrutura e Desenvolvimento; Atratividade e Comunicação.

Pioneiro em São Leopoldo, o modelo de discussão também já tem prévias de organização nas cidades de Canoas, Panambi, Santa Rosa, Erechim e Guaíba.

Projeto para indústria na esfera nacional

Com a retomada de um cenário positivo para a classe trabalhadora na política nacional, os debates para uma reindustrialização com políticas inovadoras e inclusivas têm se intensificado na esferas nacional do movimento sindical.

Aroaldo Silva, metalúrgico do ABC Paulista e também presidente da IndustriALL Brasil, a Federação Sindical Global que representa mais de 50 milhões de trabalhadores em mais de 140 países, traçou um breve relato sobre as iniciativas nacionais que já estão em debate.

Para ele, a discussão do Macrossetor dentro do CECUT-RS mostra, principalmente, a importância, tanto das experiências macro como das municipais e estaduais.

“A gente não discute desenvolvimento só na esfera federal e aqui estamos mostrando a relevância da indústria nessa retomada. Sabemos que qualquer país desenvolvido no mundo hoje só conseguiu isso porque tiveram uma indústria forte”, ressaltou. “A indústria tem essa capacidade porque é ela dentre todos os setores da economia a que consegue desdobrar o desenvolvimento de outros setores”.

Aroaldo Silva, metalúrgico do ABC Paulista e também presidente da IndustriALL Brasil

Nos últimos anos, segundo Aroaldo, a classe trabalhadora presenciou um processo de desindustrialização, perdendo a cada dia a participação no PIB Nacional. Neste contexto, afirmou, mais do que a falta de uma política industrial se presenciou uma política anti-indústria no país.

Em uma retomada histórica dos exemplos de política industrial no Brasil, o sindicalista lembrou que no primeiro governo Lula o foco foi alavancar o mercado interno, principalmente a partir do consumo. No segundo mandato, o investimento público em programas que se conectavam com a indústria tomou destaque.

Na transição para o governo de Dilma Rousseff, a política industrial se deu a partir de incentivos fiscais, mudando radicalmente após o golpe de 2017 e a entrada de Michel Temer no governo.

“No governo Temer, a base da política industrial se deu no campo das relações de trabalho, principalmente com a Reforma Trabalhista. Foi também o governo que acabou com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial. E no governo Bolsonaro, que tinha claro que não devia ter política industrial, se abriu o mercado de forma escancarada”, afirmou Aroaldo.

Neste novo cenário, destacou o sindicalista, é primordial pensar na redução das desigualdades regionais, um debate que passa pela inserção dos temas da inclusão social, da equidade de gênero e raça e do trabalho decente. “A política industrial obrigatoriamente passa por pensar as regiões do Brasil. Ela não pode ser uma política de São Paulo”.

Nos últimos anos, segundo Aroaldo, a classe trabalhadora presenciou um processo de desindustrialização, perdendo a cada dia a participação no PIB Nacional. Neste contexto, afirmou, mais do que a falta de uma política industrial se presenciou uma política anti-indústria no país.

Em uma retomada histórica dos exemplos de política industrial no Brasil, o sindicalista lembrou que no primeiro governo Lula o foco foi alavancar o mercado interno, principalmente a partir do consumo. No segundo mandato, o investimento público em programas que se conectavam com a indústria tomou destaque.

Na transição para o governo de Dilma Rousseff, a política industrial se deu a partir de incentivos fiscais, mudando radicalmente após o golpe de 2017 e a entrada de Michel Temer no governo.

“No governo Temer, a base da política industrial se deu no campo das relações de trabalho, principalmente com a Reforma Trabalhista. Foi também o governo que acabou com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial. E no governo Bolsonaro, que tinha claro que não devia ter política industrial, se abriu o mercado de forma escancarada”, afirmou Aroaldo.

Neste novo cenário, destacou o sindicalista, é primordial pensar na redução das desigualdades regionais, um debate que passa pela inserção dos temas da inclusão social, da equidade de gênero e raça e do trabalho decente. “A política industrial obrigatoriamente passa por pensar as regiões do Brasil. Ela não pode ser uma política de São Paulo”.

Fonte: STIMMMEC

Fotos: Rafaela Amaral

Fontes:

Publicado em:08/08/2023

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