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#Destaques | 18/07/2018

Dois atos importantes repletos de força e simbolismo demarcaram o lançamento do jornal Brasil de Fato em formato impresso no Rio Grande do Sul (RS) nos últimos dias. O primeiro aconteceu no interior, na cidade de Santa Maria, em meio a maior feira de economia solidária do mundo, no sábado (14). O segundo, sob o abrigo do Memorial Luiz Carlos Prestes, em Porto Alegre, nesta terça-feira (17).

 

 

Neste último ato se realizou um resgate de sonhos e utopias propostos em 2003, quando o jornal teve sua criação em nível nacional anunciada em pleno Fórum Social Mundial, tempo em que a capital do RS era considerada uma referência para o campo progressista. Passados 15 anos, com a democracia brasileira sob franco ataque do campo conservador, com a luta de classes reconfigurada após o golpe de 2016, o jornal finalmente ganha sua edição impressa no estado onde nasceu.

 

 

Em Santa Maria pronunciaram-se o representante do conselho editorial Frei Sérgio Görgen e a jornalista Kátia Marko, que faz parte do coletivo de jornalistas que assinam a edição. As apresentações culturais ficaram por conta do bloco do Levante Popular da Juventude e dos músicos Antônio Gringo e Zé Martins.

“Os lutadores e lutadoras sociais não podem vacilar na batalha das ideias” expressou Görgen no ato. “Existem vários meios de comunicação a serviço dos ricos, nós estamos criando meios para a libertação dos que trabalham”, acrescentou. Marko destacou o viés diferenciado que a equipe dá para a informação, fundamentando um jornal feito por e dirigido para trabalhadores, diferente do que pratica a mídia empresarial.

 

 

Em Porto Alegre algumas personalidades que estavam presentes em 2003, marcaram presença também no ato político e cultural de 2017, como o ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do RS, Olívio Dutra, o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile, o também ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, o dirigente político Raul Carrion e o músico Pedro Munhoz, entre outros. Cerca de 300 pessoas lotaram o espaço coletivo do Memorial Prestes, oportunizando uma bonita celebração que contou ainda com debate sobre o papel da comunicação durante o golpe de 2016 à tarde, pocket show de Munhoz e do duo Unamérica, além de exibição do documentário “O Processo”. As atividades fizeram parte da Feira Brasileira de Opinião – Contragolpe que acontece de 15 a 29 de julho no Memorial.

 

 

Foto: Reprodução/Brasil de Fato

Ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra presente no lançamento. (Foto: Reprodução/Brasil de Fato)

 

 

 

As falas ficaram por conta da professora doutora Maria Helena Weber do núcleo de Comunicação Pública e Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do representante do conselho político e editorial Claudio Augustin, do jornalista Ayrton Centeno, e de Stedile, que fez uma breve análise de conjuntura a partir do papel da comunicação na luta de classes.

 

 

“O que pode ser dito, depois de abrir o jornal, é que o povo precisa construir a sua comunicação”, expressou a professora Maria Helena. “Todos nós louvamos a existência desse meio, muito mais do que todos os livros e teses com que vamos preenchendo nossas bibliotecas”, acrescentou ao final de sua fala. Ao concluir, citou Boaventura de Souza Santos: “todos precisamos de utopias, assim como a boca precisa de alimento”.

 

 

Professora doutora Maria Helena Weber do núcleo de Comunicação Pública e Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). (Foto: Reprodução/Brasil de Fato)

Professora doutora Maria Helena Weber do núcleo de Comunicação Pública e Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). (Foto: Reprodução/Brasil de Fato)

 

 

“O Brasil de Fato se coloca como um instrumento de combate na atual conjuntura, para contribuir no trabalho de base, se firmando como meio de comunicação voltado à luta e à educação política”, avaliou João Pedro. “O nosso tabloide precisa ser uma arma de combate na mão do trabalhador, da juventude e da militância, para fazer esse diálogo necessário para demarcar nossa posição na luta de classe e construir a unidade necessária para o enfrentamento”, concluiu.

 

 

“Nós temos hoje a grande mídia falando muitas vezes sozinha na defesa do grande capital, nossas iniciativas de resistência nesse campo têm sido ainda muito pequenas, por isso precisamos reunir forças para disputar a consciência dos trabalhadores com todos os meios que temos à disposição” desafiou Augustin, citando a mídia impressa, a radiodifusão, os meios digitais e até mesmo a televisão como formatos e tecnologias que o trabalhador precisa acessar não apenas como audiência, mas também como produtor de conteúdo.

 

 

“Temos um compromisso voltado para a informação da maioria dos cidadãos, estamos comprometidos com este país tão maltratado e tão vilipendiado, que teve um momento de esperança e agora parece afundar nessa crise sem fim”, afirmou Centeno. “Sabemos o que nos espera nesse desafio de construir uma visão popular da vida, dos fatos e do mundo, esse é o papel do Brasil de Fato/RS, e nós vamos exercer esse papel”, arrematou.

 

 

Fonte: Brasil de Fato

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Publicado em:18/07/2018

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