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#Destaques | 04/12/2018

 

Mais de 100 comunicadores e dirigentes de entidades sindicais participaram, na tarde desta segunda-feira (3), da Oficina de WhatsApp, promovida pelas secretarias de Comunicação e Formação da CUT-RS, em parceria com o portal Sul 21, que lotou o auditório do SindBancários, no centro de Porto Alegre.

 

A atividade teve como objetivo mostrar a importância do uso do aplicativo pelo movimento sindical, após o impacto gerado pelo disparo de mensagens em massa na campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

 

“A comunicação centralizada, utilizada pela grande imprensa, está com os dias contados. As pessoas hoje procuram as redes sociais muito mais para interagir, se fazerem ouvir, do que para receberem informações de forma passiva. O futuro está nas redes sociais, nos relacionamentos, na forma como as instituições dialogam com os seus seguidores nas mídias sociais”, avaliou o ativista sindical Lúcio Uberdan, fundador da Bateia Mineração de Dados, que ministrou a oficina.

 

Ao longo de quase quatro horas, ele abordou vários temas envolvendo a principal mídia social da campanha, como a criação de listas de transmissão, as características das peças gráficas enviadas e o sistema de bloqueio elaborado pelo aplicativo para conter fraudes no encaminhamento massivo de mensagens.

 

 

Criar multiplicadores

 

Uberdan destacou os erros e acertos do comportamento de pessoas públicas, empresas e associações dentro das redes sociais. Para ele, o sucesso de Bolsonaro dentro do Facebook e do WhatsApp se deve à adesão de multiplicadores em sua campanha, pessoas que voluntariamente decidiram compartilhar e viralizar conteúdos políticos para fora de suas bolhas ideológicas.

 

“A estratégia da equipe de Bolsonaro foi pegar a inteligência de rede, que surge espontaneamente, sem sua direta influência, e se apropriar dos conteúdos midiáticos, cards, notícias e vídeos, que melhor se encaixavam aos discursos de campanha do candidato. Passadas as eleições, a lição que fica é a de jamais subestimarmos a disposição dos internautas de divulgarem aquilo que acreditam”, enfatizou Uberdan. Ele salientou que, para determinados grupos sociais, a noção de pertencimento falou mais alto do que a ética durante o período eleitoral.

 

“O que leva alguém a divulgar massivamente uma mentira dentro do WhatsApp é a falsa ideia de pertencimento. Os participantes de grupos pró-Bolsonaro se sentiam valorizados pela sua participação ativa no compartilhamento de arquivos e, por isso, não se importavam se a notícia era verdadeira ou mero boato, repassavam porque concordavam com a mensagem”, observou o ativista digital.

 

A boa experiência de Caxias do Sul

 

A jornalista Daniela Fagundes apresentou a experiência com WhatsApp no Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindserv), na Serra Gaúcha. Acompanhada da diretora de comunicação do Sindserv, Claudia Detanico Calloni, ela explicou como organizou listas de transmissão contemplando os mais de 5 mil associados da entidade.

 

 

“Desde 2017 nós trabalhamos com o WhatsApp, desenvolvendo conteúdos para os diferentes segmentos que integram a categoria. O que nós percebemos é que não basta disparar a notícia. É preciso responder dúvidas, dialogar com as pessoas de forma individual e personalizada. Quando damos ao associado a atenção individual que ele merece, ele não vai falar mal do sindicato no Facebook, por exemplo. É um trabalho de longo prazo, mas evita o surgimento de algumas crises”, ressaltou Daniela.

 

Ela comentou que só encontrou problemas para se comunicar com os servidores no período das eleições. “O aplicativo reduziu o alcance das nossas mensagens, mas acho que foi uma medida estratégica para coibir a disseminação de ‘fake news’ e não uma iniciativa deliberada para nos prejudicar”, salientou a comunicadora.

 

Fortalecer as mídias sociais na comunicação sindical

 

Na mesa de abertura da oficina, ocorreram saudações da CUT-RS e do Sul21. Pela CUT-RS, falaram o presidente Claudir Nespolo, o secretário de Comunicação, Ademir Wiederkehr, e a secretária de Formação, Maria Helena de Oliveira. O Sul21 foi representado pela diretora Carmen Crochemore.

 

 

Nespolo saudou os participantes e celebrou a iniciativa de reunir o movimento sindical para o que classificou como “um amplo e honesto debate sobre o uso de novas tecnologias para o aprimoramento da comunicação digital”.

 

A recente notícia da extinção do Ministério do Trabalho não escapou à análise de conjuntura do dirigente. “Apesar da felicidade em ver tanta gente aqui, não posso deixar de dizer que hoje é um dia muito triste, pois Bolsonaro decidiu sepultar de vez o Ministério do Trabalho. Mais do que nunca, precisamos reagir e essa reação passa diretamente pela compreensão das redes sociais, em especial do WhatsApp como ferramenta de comunicação”, destacou Nespolo.

 

Para o líder sindical, o povo desconhece completamente a agenda neoliberal que o novo governo quer aplicar no país e isso se deve em grande parte pelo papel exercido pela mídia hegemônica a partir do golpe de 2016 até agora.

 

“A população é mal informada por profissionais e emissoras, que colocaram seus microfones a serviço do golpe. Temos que ir para a contraofensiva, pois nem o WhatsApp e nem os ataques da extrema-direita acabaram, mesmo após as eleições”, destacou Nespolo ao defender o uso das mídias sociais na comunicação sindical.

 

Envio de listas de dirigentes sindicais para CUT-RS

 

Ao final da oficina, o secretário de Comunicação Social da CUT-RS lembrou que as entidades filiadas devem encaminhar relações contendo os nomes e celulares de seus dirigentes. O objetivo é formar um banco de dados para transmitir mensagens da CUT-RS.

 

 

As listas devem ser remetidas até o próximo dia 15 ao e-mail da Secretaria-geral (cut.rs@cutrs.org.br), conforme deliberação da Executiva da CUT-RS.

 

“Queremos montar listas para transmissões, visando melhorar o relacionamento com os dirigentes sindicais, levando informações e notícias para a formação de redes e o envio de mensagens aos trabalhadores, ampliando a comunicação sindical, combatendo as ‘fake news’ e fortalecendo a resistência”, destacou Ademir.

 

Fotos: Marcus Perez – CUT-RS | Texto: CUT-RS

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Publicado em:04/12/2018

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