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#Notícias | 24/11/2015

Funcionários da fábrica da Gerdau em Sapucaia do Sul e representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região acusam a empresa siderúrgica de estar pressionando os trabalhadores da planta a abrirem mão do reajuste salarial acordado em convenção coletiva sob pena de serem demitidos ou até de a fábrica fechar. Na última sexta-feira, dia 20, centenas de trabalhadores teriam sido coagidos a ir até o sindicato para pressionar lideranças a aceitar a proposta. A empresa nega a acusação e diz que foi uma manifestação voluntária.

 

Segundo trabalhadores da empresa e lideranças sindicais, a disputa trabalhista é referente ao dissídio da categoria, cuja data-base é julho. A convenção coletiva dos metalúrgicos da região diz que o dissídio deve, no mínimo, repor a inflação do período passado, o que seria equivalente a 9,31% de reajuste. Em setembro, o sindicato dos trabalhadores fechou um acordo com o sindicato patronal das empresas da região em que foi determinado que o dissídio deste ano seria dividido em duas parcelas, uma de 5% a ser paga retroativa, e outra de 4,31%, depositada em dezembro.

 

Contudo, segundo os trabalhadores, a Gerdau estaria se recusando a cumprir o acordo e teria oferecido apena um abono de R$ 5 mil para cada funcionário, sem qualquer reajuste para o próximo período. Nas últimas semanas, os trabalhadores dizem que reuniões foram feitas em que a gerência da fábrica os teria pressionado a assinar um documento abrindo mão da convenção coletiva e ameaçando-os de demissão, represálias e até sobre a possibilidade de fechamento da fábrica caso a categoria não siga esta recomendação. “A Gerdau está humilhando o pessoal lá dentro para eles se revoltarem contra o sindicato”, diz Anderson Macedo Gauer, secretário-geral do sindicato e funcionário da Gerdau.

 

“A liderança enfoguera (sic) as pessoas, dizendo que a empresa pode fechar. Jogam os trabalhadores contra o sindicato, dizendo que eles ‘não representam vocês’”, corrobora Alexandro da Silva Braga, secretário de Cultura e Lazer do sindicato e operador de forno na Gerdau.

 

Segundo ele, se os funcionários abrissem mão da convenção coletiva, isso poderia gerar um efeito cascata que prejudicaria todos os trabalhadores da região. “Se a gente acorda algo desse gênero, a gente abre mão para as empresas menores fazerem a mesma coisa”.
Os sindicalistas dizem que, nesta sexta-feira, gerentes e facilitadores da fábrica de Sapucaia do Sul coagiram os trabalhadores do turno da manhã a parar o trabalho e irem até a sede do sindicato para pressionar as lideranças a abrir mão da convenção sindical. A empresa teria disponibilizado ônibus e cerca de 200 funcionários teriam ido ao sindicato.

 

“Os trabalhadores estão sendo ameaçados lá dentro. É uma prática anti-sindical que eu nunca tinha visto”, disse Gauer, que trabalha na fábrica no turno da madrugada, por isso não estava no local no momento em que os funcionários foram convencidos a ir até o sindicato.

 

Os sindicalistas ainda afirmam que a Gerdau diz que, mesmo que os trabalhadores abram mão do reajuste, não seria possível garantir os empregos para além do mesmo de janeiro. Segundo Braga, a garantia do emprego por ao menos mais um ano seria uma condição mínima para que os trabalhadores aceitassem abrir mão da convenção coletiva e firmar outra tipo de acordo.

 

Claudir Nespolo, presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao qual o sindicato de São Leopoldo está vinculado, salientou que a entidade vem acompanhando estas denúncias e disse que a Gerdau está fazendo “uma grande chantagem” com os trabalhadores. “Se a empresa está em dificuldades, ela tem que abrir uma negociação com o governo do Estado, não pressionar os trabalhadores”, disse. “Não é por esse reajuste que uma empresa como a Gerdau vai quebrar”, disse.
Segundo o sindicato, a planta de Sapucaia do Sul conta com 850 funcionários da área de produção e outros 300 no setor administrativo.
Procurada pela reportagem, a Gerdau afirmou em nota que a manifestação de trabalhadores desta sexta-feira foi voluntária e que mantém negociação com o sindicato para a substituição do reajuste salarial por uma garantia temporária de emprego.

 

 

Fonte: Sul21

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Publicado em:24/11/2015

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