
Rita Garrido
#Notícias | 25/04/2025
O Sindicato convocou e os metalúrgicos e metalúrgicas atenderam ao chamado. O Encontro de Mobilização e Organização da Campanha Salarial 2025, realizado na noite de ontem (24), lotou a sede da entidade e mostrou a disposição da categoria para a luta deste ano. Com o objetivo de discutir a conjuntura e as estratégias para o período de negociações, os trabalhadores/as participaram ativamente, com relatos das fábricas e das expectativas quanto às reivindicações aprovadas na Assembleia Geral do dia 03 de abril.

A sede do Sindicato lotada nesta quinta-feira (25) mostra a disposição da categoria para a luta deste ano
Participaram do evento o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, e o presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS (FTMRS), Lírio Segalla. Enquanto assessora jurídica do Sindicato, a advogada Fernanda Livi, do escritório Woida, Magnago, Skrebsky, Colla & Advogados Associados, reforçou os pontos da pauta de reivindicação (confira a íntegra aqui), com foco na pedida econômica e na luta indispensável da categoria para a Redução da Jornada de Trabalho e pelo fim da Escala 6X1.
“É uma mobilização nacional, da qual nós temos que fazer parte. Há uma cláusula na Convenção Coletiva do Sindicato que prevê a compensação durante a semana das horas que teriam que ser trabalhadas aos sábados, ou seja, sem essa cláusula, a grande maioria das empresas estaria praticando a escala 6×1. Por isso, nós reivindicamos a redução da jornada e não apenas o fim dessa escala. Temos que olhar para o total de horas que estamos sujeitos ao trabalho”.

Fernanda Livi, assessora jurídica da entidade, reforçou os pontos da pauta de reivindicação
REALIDADE DA BASE METALÚRGICA
Para abrir as discussões do encontro, os diretores do Sindicato realizaram uma breve retrospectiva das campanhas salariais nos últimos anos. Na avaliação do grupo, os trabalhadores/as se mostraram compreensivos quanto aos impasses que surgiram, como a pandemia de 2020 e a enchente de 2024.
“Já são alguns anos que a categoria tem compreensão sobre as situações que fogem do nosso controle e que acabaram impactando as empresas na região. E nisso, a gente vem colocando nos nossos salários apenas a reposição das perdas, o que reflete, por exemplo, no piso salarial da nossa categoria que atualmente não atinge nem 2 mil reais”, lembrou o presidente do Sindicato, Paulo Chitolina.
“Os patrões estão com um discurso de que não se encontra mão de obra porque os trabalhadores preferem ter Bolsa Família. Isso é cruel e é um absurdo, uma mentira. A gente sabe que não encontram mão de obra porque pagam uma miséria de salário. Nós chegamos no limite e essa campanha é a oportunidade de valorizar a nossa mão de obra”, afirmou o tesoureiro do Sindicato, Flávio Souza.
“A campanha salarial é o momento de reivindicar as nossas melhorias. É difícil conseguir avançar em outra época do ano. E eu acho, depois de tanto compreender a situação das empresas, que nós nunca estivemos em uma situação tão propícia à luta”, disse o vice-presidente Silvio Bica.
TERMÔMETRO DAS FÁBRICAS
Com participação ativa, os metalúrgicos e metalúrgicas que estiveram no encontro apresentaram os relatos das fábricas. A desvalorização do trabalho, os benefícios condicionados à assiduidade e o avanço das mentiras que enfraquecem a luta da categoria foram alguns dos pontos levantados nas falas.
“Nós estamos perdendo para as Fakes News no chão de fábrica. A redução da jornada é um exemplo, porque muitos acreditam que isso é impossível, que irá reduzir os salários. Então é nosso papel se empenhar e brigar contra as mentiras”, relatou um dos trabalhadores presentes.
“É a situação de muitas empresas a falta de um plano de cargos e salários. Isso desmotiva a gente para o trabalho, não cria nenhuma expectativa, e ainda assim as empresas querem o nosso comprometimento”, afirmou um dos trabalhadores, ao reivindicar que esta seja uma luta constante do Sindicato.
“Nós temos que pensar juntos uma forma de fortalecer a nossa mobilização, considerando que muitos não aderem às paralisações por medo de perder a cesta básica ou algum benefício que é condicionado à presença. Os salários já são baixos, então temos que avaliar e avançar nisso”, provocou uma das trabalhadoras presentes.
“De modo geral, lá na minha empresa o pessoal está animado com a campanha. Querem o reajuste e estão dispostos a cruzar os braços para alcançar isso”, relatou um dos trabalhadores.
“Nós estamos conscientes de que devemos pegar junto com o Sindicato e que as negociações só vão avançar se a gente se mobilizar nas fábricas. Esse momento de encontrar os companheiros de outras fábricas e poder discutir a nossa luta é fundamental. Saímos daqui fortalecidos e sabendo do nosso compromisso”, destacou um dos trabalhadores.
A primeira rodada de negociações da Campanha Salarial ocorreu no dia 23 de abril, a pedido do SIMECAN, o sindicato das empresas. Na ocasião, foi reforçada a pauta que os metalúrgicos/as aprovaram em assembleia geral, com ênfase no reajuste de 10% nos salários.
Nos próximos dias, o Sindicato irá intensificar as assembleias na porta das fábricas, dando informes sobre as negociações e ações da campanha.
CAMPANHA PELA REDUÇÃO DA JORNADA
A categoria metalúrgica está engajada em duas grandes campanhas pela redução de jornada. A ação promovida pela CUT-RS tem como chamada “A VIDA NÃO TEM HORA EXTRA”, e busca conscientizar os trabalhadores/as sobre a importância de reduzir o tempo dedicado ao trabalho para que se tenha uma vida mais digna. Já a CNM lançou uma camiseta chamando a Redução da Jornada Sem Redução de Salários e Direitos.
Logo no início do encontro de mobilização e organização, os trabalhadores e trabalhadoras que compareceram garantiram os materiais da campanha (camisetas e adesivos), fortalecendo a adesão e a mensagem que deve avançar para dentro das fábricas.

ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA
Outra pauta destaque das campanhas sindicais neste ano é a luta pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais. O projeto para isenção já foi apresentado pelo Governo Lula ao Congresso Nacional. Agora, a luta da classe trabalhadora é também para pressionar os deputados e deputadas pela votação e aprovação.
“Alguém aqui acha justo uma pessoa que ganha 3 mil reais pagar imposto de renda? Se a gente ganha acima de 7 mil reais, por exemplo, a título de PLR, já paga imposto de renda. Mas um acionista que ganha 5 milhões de pró labore, de dividendos, não tem desconto do imposto de renda. E por que não querem aprovar esse projeto? Porque para isentar os mais pobres, vão ter que cobrar quem ganha acima de 50 mil reais. Então falta a gente fazer esse debate, porque muitas vezes somos envolvidos em uma narrativa que só vai contra a gente mesmo”, destacou o presidente da FTMRS, Lírio Segalla.

1ª DE MAIO DA CUT-RS
O presidente da CUT-RS aproveitou o encontro para convidar todos e todas para a celebração do 1º de maio, que ocorrerá em Porto Alegre. “É um dia simbólico e de luta para a classe trabalhadora, mas nós queremos também reforçar a mensagem da nossa campanha, e proporcionar lazer. Vamos aproveitar as diversas atrações musicais e conversar sobre as nossas pautas. Todos estão convidados!”
A celebração do 1º de maio da CUT-RS acontece na próxima quinta-feira, a partir das 14h, na Casa do Gaúcho / Porto Alegre, com entrada gratuita.

Fonte: STIMMMEC