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#Destaques | 16/07/2018

No início da manhã da sexta-feira (13), um grupo de mulheres se reuniu, em roda, em frente à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. “Passa a bomba, companheira.” Elas aguardavam o início da Plenária Interestadual da Central Única dos Trabalhadores – que reuniu lideranças do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. “Depois de tanto ônibus, só com muito chimarrão”, disse uma das mulheres, preenchendo o espaço entre a cuia e a erva com água.

 

 

Do lado de dentro do Teatro Dante Barone, mais de 500 pessoas se distribuíam entre as cadeiras. Ao fundo, escutava-se o som de Mulher do Fim do Mundo, álbum de Elza Soares, e de músicas de divulgação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o Forró Lula Livre e o Xote Lula Livre.

 

 

Próximo das 10h, o som ambiente mudou. A partir do início da apresentação da mesa, a Plenária se resumiu a palmas e gritos de ‘bom dia’. “Bom dia, presidente Lula”, repetiam, contando 13 vezes nos dedos das mãos, que se sincronizavam com o ritmo da fala. “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, cantavam, em pé.

 

 

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Foto: Fernanda Salla/STIMMMEC

As falas foram iniciadas pela manifestação de Marizar Mello, presidente em exercício da CUT-RS. “Temos que dialogar com a nossa base e fazer o enfrentamento com o capital. Só estamos aqui hoje porque o Brasil está vivendo um período de exceção na política.” Para Marizar, a expansão da crise econômica e o ataque às instituições comprovaram a necessidade de união dentro da CUT para consolidar a figura de Lula nas eleições de outubro.

 

 

A presidente da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues, focou sua fala na necessidade de luta pela manutenção dos direitos dos trabalhadores. Ela julga que a Reforma Trabalhista e a ameaça da Reforma da Previdência foram golpes duros ao longo de 2017. “Temos que resistir e nos fortalecer. É um pé no sindicato e outro na luta”, resume.

 

 

Ao introduzir sua colega, Regina Cruz, presidente da CUT-PR, Anna Julia pediu que ela fosse recebida com carinho – já que tem atuado na cidade onde o ex-presidente está preso há mais de 90 dias. Para Regina, Curitiba virou uma cidade de resistência. Por isso, pediu para que a Plenária se concentrasse na unidade da classe trabalhadora de forma que mobilize ações concretas. “Vamos sair daqui mais fortalecidos.”

 

 

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Foto: Matheus Leandro/STIMMMEC

O presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, afirmou que, o sentido da organização das plenárias é articular os presentes para formar opinião. “Nós somos o maior foco de resistência das organizações de trabalhadores no Brasil.” Ele questionou as “derrotas” e “vitórias” impostas à CUT por veículos da imprensa. “Mas a nossa grande vitória é permanecermos unidos. Mas eu espero que os trabalhadores e trabalhadoras tenham aprendido. [Após a Reforma Trabalhista] eu espero que tenham reconhecido o valor do movimento sindical.”

 

 

Analisando a conjuntura política, o ex-ministro-chefe da secretaria da presidência  Gilberto Carvalho avaliou que, a 84 dias das eleições, a classe deve se consolidar para poder eleger uma base de governo que garanta seus direitos. “Certos partidos acham que estamos dividindo a esquerda ao não apoiar Ciro Gomes. Não. Nós vamos até o final. Vamos registrar Lula como candidato à presidente da república.”

 

 

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Foto: Fernanda Salla/STIMMMEC

Para Carvalho, a prisão de Lula ficou para a história como a última esperança de acabar com o apoio do ex-presidente. “O que nós assistimos foi um fato incrível, que desconcerta tanto a direita como a nós. Ele permaneceu no coração do povo. Então, não tem graça para eles terem feito todo esse golpe e ainda aparecer o 13 com o nome de Lula na urna”, assinalou. No entanto, o ex-ministro reconheceu que há falhas na articulação do movimento. “No dia da prisão dele, esperávamos 40, 50 mil pessoas. Tínhamos 10 [mil]. Nunca vou me esquecer. Eu não me esqueço do Lula pegando no meu braço, olhando pela janela e falando assim: “Gilbertinho, a gente faz a guerra com os soldados que tem”.

 

 

 

Carvalho contou que ficou “perplexo” com a prisão do ex-presidente. “Ficamos sem saber o que fazer por alguns momentos.” Questionando a forma do movimento fazer resistência, instigou a plateia a repensar formas de agir. “Colocamos uma banquinha na rodoviária de Brasília para que as pessoas escrevessem cartas ao Lula. E foi impressionante ver aquilo. A reação do povo não corresponde às nossas formas tradicionais de mobilização. Temos que nos perguntar se estamos em sintonia com o que é cultura popular e se as formas de resistência que nós oferecemos ao povo são as formas que o povo quer usar para se manifestar”, questionou.

 

 

 

Sobre a greve dos caminhoneiros, o ex-ministro disse que, mesmo ambígua, serviu para mostrar os problemas na administração dos combustíveis no Brasil. “Eles mostraram que não fechava a conta.” Segundo ele, há o que aprender na maneira deles de organização. “O clima está mudando. Vamos aproveitar esse clima e vincular a esperança das pessoas com a reconstrução e a renovação do processo de atuação política.”

 

 

 

Após as falas da mesa, o espaço foi aberto para outros dirigentes sindicais presentes, que refletiram sobre as intervenções feitas anteriormente. “Nós temos que aprender com os erros. Temos a capacidade e a possibilidade de estar, novamente, a frente do Governo Federal. Temos que fazer uma relação do que não fizemos e deveríamos ter feito”, afirmou Miriam Cabreira, do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS).

 

 

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Foto: Matheus Leandro/STIMMMEC

Na Assembleia Legislativa, foi aprovada a carta da plenária, com a organização de calendário estratégico para os próximos meses. Assim, os dirigentes da CUT divulgaram a mobilização para o dia 10 de agosto. Com protestos em todo o país, o dia 10 foi apelidado de ‘Dia do Basta’ – “contra os prejuízos que a classe trabalhadora e toda sociedade vêm enfrentando desde o golpe parlamentar, jurídico e midiático de 2016”, explicam os dirigentes. “Basta de desemprego, basta de aumento dos combustíveis, basta de retirada de direitos, basta de privatizações, basta de perseguição a Lula”. “O povo brasileiro se manifesta contra o patrão no voto”, concluiu o presidente da CUT Nacional. “Lula livre!”, gritava a plateia.

 

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Fonte: Sul21

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Publicado em:16/07/2018

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