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#Destaques | 04/04/2016

Lançamento do manifesto do coletivo Comunicação pela Democracia. Foto / Joana Berwanger/Sul21

 

 

Dezenas de jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, cartunistas, professores, estudantes e ativistas da área da comunicação participaram, na noite de sexta-feira, dia 1º, no bar Paraphernália, em Porto Alegre, do lançamento do manifesto dos Comunicadores pela Democracia.

 

 

Com 347 assinaturas confirmadas até a hora do lançamento, o manifesto “Em defesa da democracia, contra a desinformação e o ódio” defende a manutenção do Estado Democrático de Direito e da legalidade no país e critica a tentativa de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff patrocinada por “setores conservadores, aliados a uma parcela partidarizada do Judiciário e a grandes meios de comunicação que há muito abdicaram da cobertura jornalística para agir como panfleto político”.

 

Jornalista Marco Weissheimer fez a apresentação do manifesto. Foto: Renata Machado / CUT-RS

Jornalista Marco Weissheimer fez a apresentação do manifesto. Foto: Renata Machado / CUT-RS

 

 

O grupo Comunicadores pela Democracia seguirá nos próximos dias recolhendo assinaturas de apoio ao manifesto e pretende organizar outras atividades para mobilizar todos os profissionais e ativistas da área da comunicação comprometidos com a luta contra o golpe e em defesa da legalidade do país.

 

 

Além disso, pretende denunciar todos os casos de violações de direitos e princípios fundamentais, como o que aconteceu recentemente com a ex-secretária de Políticas para Mulheres do Rio Grande do Sul, Ariane Leitão, que teve atendimento à sua filha negado por uma pediatra pelo fato de ela ser filiada ao PT. “Esse tipo de atitude mostra o clima fascista que vem se formando perigosamente no país, o qual não podemos ficar assistindo de braços cruzados”, disse o jornalista Rafael Guimaraens.

 

Jornalista Moisés Mendes foi muito aplaudido no ato e retribuiu apoio, dizendo: “Eu me sinto honrado de estar do lado de vocês”. Foto: Joana Berwanger / Sul21

Jornalista Moisés Mendes foi muito aplaudido no ato e retribuiu apoio, dizendo: “Eu me sinto honrado de estar do lado de vocês”. Foto: Joana Berwanger / Sul21

 

Presente ao ato, o jornalista Moisés Mendes, que recentemente pediu demissão do jornal Zero Hora, foi muito aplaudido e elogiado pelo trabalho de contraponto e resistência que vinha realizando em suas colunas. Moisés agradeceu as manifestações de apoio e disse: “Eu me sinto honrado de estar do lado de vocês, estou protegido por vocês”. Os comunicadores entoaram “me representa, me representa”.

 

 

O secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, chamou a atenção também para a ofensiva sobre direitos sociais e trabalhistas que anda de mãos dadas com o movimento que tenta derrubar a presidenta Dilma. “Não é de graça que a Fiesp está gastando milhões de reais, com muitos apedidos nos grandes jornais do país, e levou aquele pato gigante para o gramado em frente do Congresso Nacional com um monte de patinhos ridículos”, alertou.

 

 

Ademir Wiederkehr, secretário de Comunicação da CUT-RS, denunciou também a agenda neoliberal dos golpistas da Fiesp. Foto: Renata Machado / CUT-RS

 

“A Fiesp e outras federações empresariais querem acabar com a CLT e os direitos de todos os trabalhadores conquistados com muita luta”, denunciou. “Se tiver golpe, o povo é quem vai pagar o pato e por isso precisamos tomar as ruas e defender a democracia”, salientou Ademir, que também é jornalista.

 

Milton Simas, presidente do Sindjors, destacou a luta dos jornalistas pela liberdade de expressão. Foto: Renata Machado / CUT-RS

 

O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (Sindjors), Milton Simas, lembrou a luta histórica dos jornalistas pela liberdade de expressão no Brasil e reafirmou o compromisso da entidade por um jornalismo plural e de qualidade.

 

 

Vários profissionais e estudantes de comunicação usaram o microfone para manifestar as preocupações diante do cerco midiático para manipular as informações e do clima de ódio e intolerância que estão criando um estado de exceção no país.

 

 

Houve também denúncias, que não saem na mídia golpista, sobre os interesses econômicos dos Estados Unidos por trás dos golpistas, como a entrega do pré-sal e da Petrobrás para multinacionais petrolíferas. Assim como fizeram em 1964, com o apoio da Globo, os norte-americanos estão novamente conspirando para que o Brasil deixe o Brics e volte a ser quintal do império.

 

 

Conforme o manifesto, lido pela jornalista Patrícia Duarte, “na última vez que a democracia foi tolhida no Brasil, demorou mais de 20 anos para que comunicadores pudessem exercer livremente suas profissões”.

 

Jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, cartunistas, professores, estudantes e ativistas da área da comunicação participaram do encontro / Foto: Divulgação

 

 

Em defesa da democracia, contra a desinformação e o ódio

 

 

“Somos jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, blogueiros e mídia ativistas, profissionais e estudantes de comunicação que vem a público se manifestar em defesa da democracia, do Estado Democrático de Direito e contra o golpe.

 

 

O Brasil vive uma crise política profunda que ameaça a nossa democracia ainda jovem. Setores conservadores, aliados a uma parcela partidarizada do judiciário e a grandes meios de comunicação – que há muito abdicaram da cobertura jornalística para agir como panfleto político -, tentam a todo custo impor ao país um processo de Impeachment sem base legal, sem provas e sem crime de responsabilidade cometido pela presidenta Dilma, ou seja, um golpe em pleno século 21!

 

 

O momento exige atenção e ação dos brasileiros comprometidos com o avanço democrático e a luta sem tréguas contra a corrupção, independente das preferências partidárias e divergências na condução do governo. O que nos une nesta quadra é a defesa da democracia.

 

 

Há uma grande batalha de comunicação acontecendo e nós, profissionais e ativistas que trabalhamos nessa área, estamos denunciando permanentemente as práticas de manipulação da informação dos grandes grupos de comunicação, que colaboram, inclusive, para o aumento da crise. Há que se falar ainda no papel que cumprem esses – jornais, rádios, televisões e revistas – na incitação do ódio entre a população. Parte deles, como a Globo, apoiou e deu sustentação ao golpe de 1964. Democratizar os meios de comunicação é fundamental e sabemos que esse passo só será dado dentro dos marcos de um Estado Democrático de Direito.

 

 

Compreendemos que a liberdade de comunicação passa necessariamente pelo fortalecimento da democracia. Na última vez que a democracia foi tolhida no Brasil, demorou mais de 20 anos para que comunicadores pudessem exercer livremente suas profissões. Por isso, não vacilaremos na defesa da democracia e atuaremos incansavelmente para esclarecer a população”.

 

 

Fonte:  CUT-RS com Marco Weissheimer – Sul/21

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Publicado em:04/04/2016

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