#Destaques | 27/03/2019
Cerca de cem metalúrgicos de todo o Rio Grande do Sul participaram da plenária da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS) na manhã dessa terça-feira (26), no auditório do Sindipolo, em Porto Alegre. Na abertura da atividade, o presidente da FTM-RS, Lírio Segalla, falou dos pontos de pautas e agradeceu a presença dos dirigentes “neste momento, onde a nossa organização e unidade fará a diferença nas entidades que atuamos e na luta com o conjunto da classe trabalhadora”.
Campanha salarial
Os metalúrgicos definiram o índice de reajuste, composto pelo índice do INPC do período (que deve ser divulgado até dia 10 de abril), mais 2,5% de aumento real. Lírio explicou que ano passado ficou acertado com a patronal fazer uma negociação estendida, prevendo discutir as cláusulas sociais e com a proximidade da data base, 1º de maio, as questões econômicas.
Sobre as negociações, os coordenadores das mesas deram relato do andamento. Abordando a metalurgia, o dirigente apontou os itens que a patronal quer debater como gozo de folgas, registro ponto, auxílio estudante, banco de horas e dias de férias, entre outros. “Já nós, queremos debater o acesso ao local de trabalho e a representação dos trabalhadores terceirizados”, explicou.
A assessora jurídica, Lídia Woida, ressaltou que “estamos construindo a proposta do acesso ao local de trabalho, pois é uma das pautas que mais nos interessam. O sindicato tem que entrar lá e fazer o seu trabalho”. Sobre os terceirizados e temporários, ela explicou que há bastante confusão. “Antigamente os temporários eram contratados diretamente com empresa, hoje em dia são terceirizados, há uma outra empresa responsável pelo contrato com o trabalhador. Estamos discutindo esses casos, pois queremos a representação. Quem trabalha na atividade-fim, independe da forma de contratação, tem que ser representados por vocês”, enfatizou Lídia.
Jorge Ramos informou que as discussões sobre as Máquinas Agrícolas estão adiantadas e nesta quinta-feira (28), às 14h, haverá mais uma reunião com a patronal. Já sobre a Reparação de Veículos, segundo o coordenador da mesa, Gilberto Saraiva, a assessoria jurídica da Federação está em contato com a patronal para agendarem uma reunião.
“Agora é hora de intensificar a nossa mobilização, realizar assembleias e conversar com os trabalhadores”, disse Lírio ao encerrar o debate sobre o tema, que teve ainda, a participação do diretor técnico do Dieese, Ricardo Franzoi.
Reforma da Previdência
A estratégia da Federação para enfrentar a proposta da Reforma da Previdência de Bolsonaro foi apresentada pelo secretário de comunicação da FTM-RS, Enio Santos. Foi divulgado que a entidade juntamente com a assessoria jurídica estão elaborando uma cartilha, explicando cada alteração da proposta, para subsidiar os diretores nos debates com a base.
No começo de abril será distribuído um jornal para a categoria, elaborado pela Federação, que também promoverá reuniões com as direções das entidades filiadas. “Nosso objetivo é parar o Brasil numa grande greve geral contra essa Reforma e desde as atividades do dia 22, estamos criando o clima para isso”.
O secretário-geral da CUT-RS, Amarildo Cenci participou da plenária para falar da estratégia da Central para enfrentar a Reforma, que ele classificou como “a pior de todas que já enfrentamos”. O dirigente também apontou a importância das próximas lutas como o dia 7 de abril (data que marca um ano da prisão política do ex-presidente Lula) é o 1º de maio. “Temos que usar essas datas e intensificar o nosso enfrentamento, ampliar o diálogo com a sociedade, centrais, movimentos sociais, setores progressistas e virar esse jogo”.
Já o Secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo Oliveira, lembrou que o 10º Congresso da Confederação, que será realizado em maio, acontece em meio a uma forte resistência à Reforma e as políticas neoliberais do governo. “É um Congresso de extrema importância devido ao momento que estamos vivendo. É crucial a participação de todos, saíremos fortalecidos com definições importantes para a indústria e de políticas de resistência”, declarou Loricardo.
Prestação de contas – O primeiro ponto de pauta foi a prestação de contas de 2018 e a projeção orçamentária para o exercício de 2019. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina e Região, Jorge Ramos, representando o Conselho Fiscal fez a leitura do parecer do CF indicando a aprovação, o que a categoria acolheu por unanimidade.
Santo Dias
O final da plenária trouxe à luz, a história de Santo Dias. Operário e militante, ele foi morto pela Polícia Militar em frente à fábrica Sylvania, na Zona Sul de São Paulo, em 30 de outubro de 1979. O crime aconteceu enquanto Santo Dias distribuía panfletos convocando operários para uma greve.
De acordo com o diretor de Finanças da FTM-RS, Milton Viário, a Federação acredita que “neste momento de resistência e de avanço do conservadorismo precisamos resgatar a história dessas pessoas que deram a vida pela classe trabalhadora. Ele não tinha cargo político, nem era dirigente sindical, era um operário e um grande militante que deve servir de inspiração para todos nós”.
Para homenagear e resgatar esta história, a FTM-RS irá realizar ao longo deste ano, uma série de atividades para que a trajetória de Santo Dias (e de tantos outros que tombam lutando por direitos e melhores condições de vida) não seja esquecida.
Fonte: FTM-RS