Grande Expediente realizado na noite de ontem (07) foi convocado pelo Vereador Gabriel Constantino (PT-RS)

No dia 1º de setembro, o Sindicato completou 65 anos de atuação junto à categoria metalúrgica de Canoas e Nova Santa Rita. Em homenagem à trajetória da entidade, a Câmara de Vereadores de Canoas realizou, na noite de ontem (07), um Grande Expediente que recordou as histórias da classe trabalhadora no município e, sobretudo, reafirmou a importância da organização sindical para a defesa dos direitos e a promoção do bem-estar social.

Grande Expediente na Câmara dos Vereadores de Canoas realizou homenagem ao Sindicato. Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

O Vereador Gabriel Constantino (PT-RS), autor do requerimento do grande expediente, abriu a solenidade destacando a relação entre o desenvolvimento de cidade e a atuação do Sindicato, mencionando as lutas pelo direito à moradia, à saúde e pela redemocratização, além de lançar importantes lideranças políticas para o País.

“Falar desse Sindicato é falar da história de Canoas. Para mim, a entidade representa muito mais do que um espaço de categoria de classe. Ela representa um espaço de referência política, porque é atuante não somente nas questões trabalhistas, mas pelos direitos sociais. É um Sindicato que abre as portas para os movimentos, um parceiro”, afirmou Constantino.

Vereador Gabriel Constantino foi o autor do requerimento do Grande Expediente. Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

DÉCADAS DE LUTA E REPRESENTAÇÃO

Nelsinho Metalúrgico, liderança política que presidiu a entidade nos anos 90 e início dos anos 2000, também lembrou o papel da luta sindical no período da Ditadura Militar.

“No final da década de 70, as grandes mobilizações da classe trabalhadora contra a Ditadura Militar, contra a carestia, por liberdade e em defesa da democracia, tiveram em Canoas um pilar, um esteio, que se somou à luta de todos os brasileiros e brasileiras. Naquelas lutas, os metalúrgicos tiveram um papel fundamental.”

Nelsinho Metalúrgico foi presidente do Sindicato no final dos anos 90 e início dos anos 200. Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

Ex-vereadora de Canoas e metalúrgica aposentada, Maria Eunice Wolf também participou da celebração, lembrando as transformações resultantes do Novo Sindicalismo no País.

“Essa direção, que caminha até os dias de hoje, é uma direção que nasceu lá na década de 80, no 1º de maio histórico no Brasil, com a greve dos metalúrgicos do ABC de São Bernardo. Por isso que aqui na cidade a gente sempre parafraseou dizendo que se o ABC está para o Brasil, os metalúrgicos de Canoas estão para o Rio Grande”.

Eunice foi a primeira mulher no Rio Grande do Sul a fazer parte da direção de um sindicato metalúrgico. Na década de 80, foi sindicalista ao lado do Senador Paulo Paim, e também integrou o grupo de oposição que conquistou a direção do Sindicato em 1993.

Segundo ela, ao longo das décadas, o Sindicato não se ateve à luta sindical, tampouco ficou municipalizado ou regionalizado. “A direção do Sindicato fez no passado como faz nos dias de hoje, ao pensar de forma ousada um projeto de desenvolvimento do Brasil, do Estado e da cidade”.

Maria Eunice foi a primeira mulher metalúrgica a integrar uma direção de sindicato da categoria no RS. Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

Crítica à postura dos vereadores que deixaram a sessão no início da homenagem ao Sindicato, a ex-vereadora da casa classificou a atitude dos ex-colegas como antidemocrática.

“Esta casa precisa conviver com todas as opiniões. Nós nunca negamos o direito de expressão, pelo contrário, nós sempre permanecemos neste plenário respeitando a opinião diferenciada. E infelizmente, por mais democracia, por mais voto, por mais participação, tem aqueles que se retiram da casa e deixam de respeitar o que já está constituído, que é o direito de opinião diferente e o direito de homenagear e registrar a história do povo canoense, que tem trabalhadores, empresários, vereadores, deputados…”

REPRESENTAÇÃO NO TRABALHO E NA VIDA

Representado a direção atual do Sindicato, o presidente Paulo Chitolina enfatizou o trabalho recente da entidade durante as enchentes de 2024.

“Nós articulamos políticas públicas para ajudar as 400 empresas impactadas pela enchente e foram os metalúrgicos e metalúrgicas que ajudaram a limpar as fábricas para a retomada da capacidade produtiva e manutenção dos empregos”.

Paulo Chitolina é o atual presidente do Sindicato. Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

Segundo ele, o trabalho do Sindicato junto à comunidade canoense reflete uma preocupação do movimento sindical com a vida dos trabalhadores, com o bem-estar dos familiares e as condições fora das fábricas.

“Nós articulamos junto aos metalúrgicos de todos os cantos do País o envio de mais de 4.500 ranchos para Canoas. Fomos o primeiro abrigo na tragédia de maio de 2024. Esse sindicato teve no primeiro sábado da tragédia cerca de 500 pessoas dentro do Ginásio, sem água e sem luz, e a gente fazendo mágica para garantir que as pessoas tivessem dignidade”, lembrou.

A respeito dos desafios da luta sindical, Chitolina falou sobre a responsabilidade de estar à frente da entidade.

“Às vezes a gente fica pensando o quanto já fez para a nossa categoria, buscando dignidade e condições humanas para os trabalhadores estarem dentro das fábricas. Porque se vocês visitarem algumas fábricas hoje, vão constatar que ainda há locais que nos remetem aos tempos de escravidão. Por isso queremos sempre melhorar, e parte disso é fazer com que os empresários deixem de gastar em iates, em casas, e remunerem melhor os trabalhadores. Essa é a luta do Sindicato”.

Entrega da placa em homenagem aos 65 anos do Sindicato. Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

O atual presidente do Sindicato finalizou a intervenção agradecendo a homenagem e dedicando o momento aos metalúrgicos e metalúrgicas que passaram pelo sindicato, e também, “para aqueles que também deixaram suas vidas na luta para garantir direitos aos trabalhadores”.

Fonte: STIMMMEC