#Notícias | 09/06/2017
09/06/2017
Além do reajuste de 4% nos pisos e salários, retroativo a 1º de maio, a renovação das cláusulas sociais da Convenção Coletiva até 2019 e a elevação do valor do teto para o reajuste foram considerados como importantes avanços
A categoria metalúrgica de Canoas e Nova Santa Rita aprovou, em assembleia geral realizada na noite de quinta-feira (8), por maioria absoluta, o reajuste da Campanha Salarial 2017, encerrando assim as negociações deste ano.
A proposta considerada final pelo sindicato patronal e lançada para apreciação dos trabalhadores e trabalhadoras foi de 4% de reajuste, porcentagem que repõe as perdas inflacionárias do período entre maio/2016 a abril/2017, que é 3,99% segundo o acumulado do INPC. Uma vez aprovado, o percentual será pago de forma retroativa, ou seja, a partir de maio, mês de nossa data base. O reajuste deve compor os salários no final do mês, junto com as diferenças.
“Acredito que, diante da realidade conjuntural, fechamos um bom reajuste”, resumiu o presidente do sindicato, Paulo Chitolina, considerando o levantamento feito pelo Dieese em 304 unidades de negociação na indústria, comércio e serviços, de que os reajustes salariais no país, no primeiro semestre do ano, ficaram em média 0,5% abaixo da inflação.
TETO DO LIMITE INCLUSIVO
Outro ponto negociado que pode ser considerado uma conquista neste ano é o aumento do teto de reajuste de R$ 5.500,00 para R$ 7.000,00, uma elevação de 27,27%. Agora, trabalhadores e trabalhadoras com salários até este novo teto entram na faixa de reajuste negociada entre o nosso sindicato e o sindicato patronal. Assim, inclui praticamente grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras das áreas de produção e administrativas. Para quem recebe salários acima de R$ 7.000,00, haverá um reajuste correspondente a parcela fixa de R$ 280,00.
Diferente do que muita gente pensa ou escuta dentro das fábricas, o teto para o reajuste salarial sempre foi estipulado pelos patrões nas mesas de negociação por considerar “cargos de confiança” trabalhadores e trabalhadoras que recebem salários maiores. “O Sindicato, no compromisso de lutar pela classe trabalhadora e seus interesses, sempre teve como meta a extinção deste limite, pois ele infelizmente divide a categoria. Mas, quando isso não é possível, o nosso sindicato busca aumentar ou corrigir de forma justa o seu valor”, esclarece o presidente Paulo Chitolina.
PISO SALARIAL COM REPOSIÇÃO
Ficou definido na mesa de negociação que o reajuste de 4% também incide sobre o piso salarial da categoria. Assim, antes em R$ 1.230,35, o piso passa a valer R$ 1.280,00. Também em relação às cláusulas econômicas, o acordo prevê o reajuste dos salários dos aprendizes, que passa de R$ 4,13 para R$ 4,90 por hora.
CLÁUSULAS SOCIAIS GARANTIDAS ATÉ 2019
Apesar de não estarem previstos ajustes nas cláusulas sociais neste ano porque elas foram negociadas por dois anos no ano passado, o Sindicato garantiu a permanência das quase 60 cláusulas até as negociações de 2019.
Nas mesas de negociação de outras bases metalúrgicas, os patrões estão se aproveitando desta conjuntura de crise e reformas para alterar ou extinguir de vez benefícios acordados nas convenções coletivas. Neste caso, para a direção do Sindicato, esta pode ser considerada uma grande conquista para a categoria, visto às ameaças das reformas trabalhista e previdenciária, além da terceirização sem limites, recentemente aprovada.
AVALIAÇÃO POSITIVA
Os dirigentes do Sindicato avaliaram como positivas as negociações deste ano. Para tanto, consideraram alguns aspectos como a comparação das conquistas de reposição inflacionária nas duas últimas campanhas salariais (2015 e 2016) de forma parcelada e à custa de muita pressão nas portas das fábricas, que se estenderam até meados de setembro e outubro, e geraram expectativas que, não confirmadas, causaram um desgaste e uma frustração muito grandes à própria categoria.
Num ano de enormes dificuldades de mobilização por causa da crise geradora de desemprego, em que muitas categorias com data base no primeiro semestre sequer conseguiram a reposição total da inflação, conquistar a reposição integral inclusive nos pisos, o significativo aumento do valor do teto e a renovação das cláusulas sociais até a campanha salarial de 2019, não deixa de ser um avanço.
Segundo o secretário geral Flavio de Souza, o Flavião, que acompanha as negociações no Estado pela Federação dos Metalúrgicos, “em um momento em que até as propostas na mesa de Máquinas Agrícolas – setor que está bem por conta do resultados do agronegócio – estão surgindo de forma parcelada, a categoria sai na frente com a melhor proposta do Estado”.
Durante a assembleia, a diretoria lembrou que a luta contra os retrocessos tanto aqui quanto lá em Brasília começou a ser feita muitos meses antes do início da Campanha Salarial. O sindicato nunca deixou de estar nas portas de fábrica distribuindo informações, realizando assembleias e dialogando com os trabalhadores e trabalhadoras da base. A organização da greve geral do dia 28 de abril, a participação nas caravanas de ocupação da capital federal, no dia 24 de maio, e a organização do Comitê Sindical e Popular aqui na base foram lembrados como exemplos das mobilizações de nosso sindicato na luta contra o arrocho e a retirada de direitos citados.
“Não que a nossa campanha salarial não seja importante, mas a luta contra as reformas tem sido uma prioridade por todo o movimento sindical combativo. O que se pretende fazer com a legislação trabalhista e com a previdência lá em Brasília é muito mais grave. Se as reformas forem aprovadas, vão causar um tsunami arrasador nos direitos de todos os brasileiros, especialmente os mais jovens”, opinou o presidente Paulo Chitolina. A posição é compartilhada pelo vice-presidente Silvio Bica. Para ele, não podemos deixar esta herança maldita para as futuras gerações. Bica aproveitou a oportunidade para conclamar a militância presente na assembleia a construir a nova greve geral convocada para o dia 30 de junho, que precisa ser muito maior do que a do dia 28 de abril.
Fonte: STIMMMEC