#Destaques | 07/06/2019
Milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira (6) para protestar contra a visita de Jair Bolsonaro (PSL) ao país, onde ele participou de uma agenda bilateral com o presidente Maurício Macri.
Os atos foram organizados por diversas organizações políticas e de direitos humanos, movimentos populares e culturais, entre eles, Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, coletivo Nenhuma a Menos e Central dos Trabalhadores da Argentina, entre outros.
A partir das 15h, os manifestantes marcharam no centro da cidade até a Praça de Maio, localizada em frente à Casa Rosada, sede do governo. No local, tradicional palco de manifestações na capital do país, o público participou do festival cultural “Argentina Rechaça Bolsonaro”, no qual se apresentam diversos artistas contrários à política do presidente de direita.
Segundo os organizadores, “a violência que [Bolsonaro] emite, negando os crimes contra a humanidade das ditaduras latino-americanas, coloca em perigo a continuidade democrática de um dos países com maior peso na nossa América Latina”.
O texto de divulgação da manifestação diz ainda que o mandatário argentino, Mauricio Macri, “é um dos poucos presidentes no mundo que fariam uma foto” com Bolsonaro, e que o evento tem como objetivo fazer uma “defesa da soberania, da solidariedade latino-americana, contra as políticas neoliberais de Bolsonaro e Macri, e dizendo NÃO ao autoritarismo, ao militarismo e às várias declarações racistas, machistas homofóbicas e de apologia à tortura expressa por ambos”.
As reações contrárias à viagem de Bolsonaro começaram desde que ela foi anunciada, ao final de maio. Desde então, passaram a circular nas redes sociais argentinas cartazes com dizeres como “seu ódio não é bem-vindo aqui” e “Argentina rechaça Bolsonaro”.
No dia 22 de maio, após o anúncio da visita presidencial, a organização de direitos humanos Anistia Internacional enviou uma carta a Macri em que expressa “preocupações em matéria de direitos humanos”. O documento afirma ainda que a “retórica hostil” de Bolsonaro “estimula a proliferação de discursos de ódio, polarização e poderiam legitimar violações aos direitos humanos”.
Bolsonaro na Argentina
Jair Bolsonaro viajou para a Argentina na manhã desta quinta-feira (6) para uma agenda de eventos com Maurício Macri.
Após uma reunião a portas fechadas na Casa Rosada, Bolsonaro e Macri participaram de uma coletiva de imprensa. Durante o ato, o presidente brasileiro deu declarações indiretas para defender a reeleição do presidente, ao pedir que os argentinos tenham “responsabilidade” nas eleições presidenciais que ocorrem em outubro deste ano.
“Que Deus ilumine o povo argentino nas próximas eleições para que votem com a razão e não com a emoção”, disse Bolsonaro.
Embora o mandatário brasileiro já tenha recebido o chefe de estado argentino em janeiro, é a primeira vez que vai a Buenos Aires. A visita presidencial conta com uma comitiva de 15 pessoas, entre as quais os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Paulo Guedes (Economia), Tereza Cristina (Agricultura) e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, além de um dos seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
O presidente deve regressar ao Brasil na manhã desta sexta-feira (7). Além da reunião com Macri, a agenda de Bolsonaro incluiu ainda uma reunião ampliada com ministros, um encontro com representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, com empresários, e uma transmissão ao vivo ao final do dia.
Fonte: Brasil de Fato