SINDICATO DOS TRABALHADORES METALÚRGICOS DE CANOAS E NOVA SANTA RITA
Stress, ansiedade e dependência química podem ser consequências do home office
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#Destaques | 30/03/2021
Deu no New York Times: a Free Zoom Friday (em português “Sexta-feira livre do Zoom”) foi uma iniciativa da executiva-chefe do Citigroup, Jane Fraser, comunicada aos funcionários no dia 22 deste mês, com o propósito de iniciar uma nova tradição na empresa: incentivar os trabalhadores a se afastarem, uma vez por semana, de plataformas, como o Zoom, que possibilitam as infindáveis reuniões e teleconferências tanto pelo celular quanto pelo computador.
Fraser afirmou no memorando que circulou no banco – o Citibank, um dos maiores do mundo – que “a indefinição das linhas entre casa e trabalho afetaram nosso bem-estar”, e que “depois de ouvir colegas do mundo todo, ficou claro que é preciso combater a fadiga do Zoom, que muitos sentem”.
Mas, resolver stress e ansiedade causados pela nova realidade que milhões de trabalhadores enfrentam vai além de iniciativas como a da instituição financeira. O psicanalista João Américo, técnico em reabilitação de dependentes químicos e pesquisador na área de saúde mental relacionada a transtornos ocasionados por racismo, explica que há uma série de outros fatores que devem ser levados em consideração quando a casa, o lar, passa a ser parte da empresa, como é o caso do trabalho home office.
Um deles, segundo o psicanalista, é levar em consideração que o capitalismo se adapta às realidades provocando alterações nas práticas sociais de exploração.
“O trabalhador, de início, até se convence de que trabalhar em casa é uma vantagem, mas o que está por trás disso é o patrão achar que tem o poder de te explorar, te acionar a qualquer horário, inclusive sábados e domingos” João Américo
A falta de controle dos limites é o ponto chave, como detectou a executiva do Citicorp. O trabalhador acaba incorporando o trabalho à vida pessoal.
“Muita gente está trabalhando mais horas porque não tem, simbolicamente, o cartão de ponto, o vigia, alguém que esteja olhando, controlando. O sujeito se sente na obrigação de trabalhar muito mais porque não tem quem diga que começou e terminou o seu trabalho”, diz o psicanalista.
“A gente se vê na obrigação de resolver problemas fora do horário, trabalhando muito mais horas, por causa dessa ausência do portão de entrada e saída do trabalho ou a figura do chefe, que está lá olhando seu trabalho. É uma implicação psicológica desse tipo de relação”, completa.
Com o home office, o sujeito acaba tendo horário, mas não para largar o trabalho