#Destaques | 04/04/2019
“Não se trata de uma reforma da Previdência. Uma reforma é necessária quando se pensa em aprimorar o que existe. O que está sendo proposto é a privatização da Previdência pública”, resumiu Abigail Pereira, liderança política do PCdoB. “No momento em que se tira da Constituição a seguridade social e se cria um regime de capitalização individual, o governo beneficia as empresas e os bancos, não as pessoas.”
Na manhã da quarta-feira (3), Abigail participou da campanha de coleta de assinaturas de pessoas que passavam pelo Largo Glênio Peres. Em conversas curtas com quem se propunha a integrar a campanha, ela definiu os principais pontos que considera os mais prejudiciais da mudança de regime previdencial proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). “Especialmente para as mulheres”, enfatizou. “Não se considera uma dupla ou tripla jornadas. A sociedade, o patriarcado, atribuiu à mulher a função de cuidadora. Isso é uma realidade que não pode ser desconsiderada.”
A ação faz parte de um lançamento nacional das centrais sindicais brasileiras. Simultaneamente, diversos sindicalistas se reuniram nas capitais brasileiras para coletar assinaturas contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) número 6 de 2019, conhecida como PEC da Previdência. “Nós estamos demonstrando uma unidade entre lideranças públicas. Queremos entregar esse documento ao Congresso Nacional”, explicou a dirigente do PCdoB.
Na manhã da terça-feira (2), representantes das centrais se reuniram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tratar da Previdência e da medida provisória sobre financiamento sindical. Na ocasião, os sindicalistas reafirmaram que a medida visa a “destruir” as entidades que representam os trabalhadores. A MP proíbe cobrança de contribuições sindicais em folha de pagamento, permitindo apenas o uso de boleto, após autorização individual de cada trabalhador. Dezenas de entidades já conseguiram liminares judiciais para permitir o desconto em folha.
Em Porto Alegre, logo após as primeiras falas ao microfone, uma fila de algumas pessoas começou a se formar para assinar o documento. Mesmo carregados de sacolas do Mercado Público, alguns equilibravam as compras em uma das mãos para escrever seus dados. O ato, também, despertou o interesse de curiosos que passavam pelo Largo. “O que está sendo proposto é perverso. Daqui a pouco, o documento que vão exigir para que o cidadão se aposente é o atestado de óbito. Não existe reforma, existe uma proposta perversa. As pessoas têm que se conscientizar e se fazer algo a respeito”, defendeu Abigail.
Texto: Giovana Fleck | Foto: Guilherme Santos/Sul21