#Destaques | 02/01/2019
Ao tomar posse como novo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) fez um discurso de 26 minutos, na tarde desta terça-feira (1º), em que defendeu a superação da “polarização” histórica no Rio Grande do Sul e a construção de convergências e consensos estratégicos sobre o futuro do Estado.
“É hora de romper de vez com a polarização inútil”, disse. “É hora de uma nova equação política no RS, que gire em torno do progresso e do bem comum. Chega de criar raízes na discórdia quando podes fazer da convergência uma alavanca para todos”, disse.
Apesar de repetir o agora ex-governador José Ivo Sartori (MDB) a respeito da necessidade do ajuste fiscal e de privatizações — disse que fará reformas estruturantes nos 100 primeiros dias de governo e já nesta quarta-feira (2º) publicará no Diário Oficial do Estado (DOE) decretos de controle de gastos –, adotou um tom mais conciliador com a oposição e com o funcionalismo público, tratados como inimigos pelo emedebista.
Leite se comprometeu nunca deixar de ter um canal aberto de diálogo com os servidores e prometeu que será com eles a sua primeira conversa como governador do Estado, acrescentando ainda que trabalhará para que eles se sintam recompensados profissionalmente pelo caminho que escolheram. “Eu quero pedir aos servidores estaduais que sejamos parceiros na construção desse novo futuro”, disse. Em coletiva de imprensa ao final do dia, voltou a se comprometer com o objetivo de colocar em dia o pagamento dos servidores até o final de 2019.
A conciliação também foi defendida pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Marlon Santos (PDT), ao discursar durante a cerimônia de posse no parlamento gaúcho. Em sua manifestação, Marlon disse que o Estado está cansado de “bravatas” e “doidices” e pediu a Leite que aprenda com os erros e com os acertos de seus antecessores para governar a partir dessas experiências. “Aprender com o o erro alheio é bonito e não é preciso errar onde outro já errou”, disse.
O deputado ainda disse que é preciso dar um voto de confiança a Leite porque os futuros governador e vice não podem assumir toda a responsabilidade pelo destino do RS. “Que as críticas abusivas e absurdas que são feitas aos que governam e parlamentam poupem a família daqueles que parlamentam ou governam. É muito triste ouvir blasfêmias”, disse.
Transmissão de cargo
Porém, o discurso de “união de todos” e de convergências não foi o adotado pelo governo Sartori em sua última fala no Palácio Piratini. Ao discursar após transmitir o cargo para Leite em cerimônia no Salão Negrinho do Pastoreio, Sartori atacou os partidos que fizeram oposição ao seu governo e os servidores públicos que protestaram ao longo dos últimos quatro anos. “Entre o barulho da Praça da Matriz e o silêncio da maioria da população, optamos pela segunda”, disse.
Já Leite, ao fazer um novo discurso, desta vez de cerca de 10 minutos, valorizou a “seriedade” do governador e disse que as diferenças com o MDB ficaram na campanha. O partido de Sartori já declarou que fará parte da base aliada. No entanto, ressaltou que estava herdando do antecessor 15 folhas de pagamento para o seu primeiro ano, com a maior parte do salários de dezembro e a totalidade do 13º de 2018 ainda a pagar.
Após sua fala, Leite acompanhou Sartori e a agora ex-primeira-dama até a porta do Palácio Piratini para a despedida do emedebista do governo. Posteriormente, retornou ao Salão Negrinho do Pastoreio para dar posse ao seu secretariado. A única ausência foi da senadora Ana Amélia Lemos (PP), que permanecerá em seu cargo até o final do mandato em 31 de janeiro e só depois assumirá o cargo de secretária extraordinária de Relações Federativas, cargo que ocupará de Brasília.
Ao final, em uma breve coletiva, ressaltou que irá conversar em janeiro com os deputados estaduais da atual e da próxima legislatura para encaminhar o projeto de privatizações de estatais. Segundo Leite, apenas a Corsan e o Banrisul tem a garantia de serem preservadas.
Fonte: Sul21