#Notícias | 25/10/2017
Há 57 anos, o Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita defende a classe trabalhadora. No atual contexto, é importante ressaltar que tal defesa se faz necessária e legítima frente aos ataques à coletividade trabalhista, construída por meio do contrato de trabalho e dos direitos nele existentes. Também, é preciso lembrar que a defesa de interesses não dispensa a organização coletiva, que neste caso, existe também entre os patrões e seus interlocutores sindicais. Logo, o discurso da individualidade, empregado ao mundo do trabalho como forma de conquistar direitos e autonomia nas relações, cai por Terra. As conquistas, em ambos os lados, sempre contaram com a união, tanto entre patrões quanto entre trabalhadores(as).
Mais de cinco décadas de história e conquistas, que dialogam mutuamente com construção do Estado Democrático em nosso país, legitimam nossa existência. Resistimos aos anos de chumbo, infelizmente, não intactos. No caminho, perdemos companheiros e companheiras como a militante e metalúrgica Alceri Maria Gomes da Silva, trabalhadora da Micheletto S/A, antiga empresa de nossa base, que foi assassinada pelo Regime Militar. Mas caíram muitas e muitos para que hoje possamos atuar, falar e viver livres de uma repressão ditatorial. Tamanha liberdade permite até que, em tempos claros de histeria social, conclamem uma nova intervenção. Não a fariam se assim tivessem pleno conhecimento desta página sombria de nossa história.
Mas levantamos na retomada democrática dos anos 80, década de grandes mobilizações e greves, legítimas frente à opressão e à precarização da classe trabalhadora. Novamente, companheiros e companheiras. Para além da assistência, um Sindicato de história, defesa e lutaras da nossa base foram fundamentais na mobilização para eleger um Deputado Constituinte que representasse os anseios da classe trabalhadora. Na ocasião, o ex-metalúrgico e atual senador, Paulo Paim, contribuiu para construção de um importante marco dos direitos civis: a Constituição Federal de 1988. Nela, foram assegurados os princípios de igualdade, dignidade e liberdade aos trabalhadores/as. Estávamos assim novamente aptos a travar lutas em nosso país.
Nos anos de 1990, planos econômicos prometeram a estabilidade das altas taxas de inflação que assolavam a classe trabalhadora. Consequentemente, deram início ao comprometimento da soberania nacional, por meio de empréstimos a juros elevados e pelas privatizações, que recentemente voltaram à pauta governamental. Os brasileiros viveram então anos precários e a classe trabalhadora viu na luta das categorias uma pauta extensa e diversificada por postos de trabalho, formação profissional, redução de jornada, condições dignas nos ambientes de atuação e claro, aumento real nos salários. O empenho sindical frente estes temas, em particular da categoria de Canoas e Nova Santa Rita, resultou em ações solidárias movidas e/ou apoiadas amplamente pelos trabalhadores/as – coleta de doações para a compra de cestas básicas aos desempregados da base e apoio à luta por moradia (Guajuviras) – e também denúncias com repercussão internacional – Organização Internacional do Trabalho (OIT) – relacionadas às perseguições e às condições precárias no chão de fábrica.
Nos dias de hoje, o desafio da luta sindical se cria justamente na superação da precarização, na evolução das relações trabalhistas e, consequentemente, no abandono da consciência da constante resistência de classe. Anos de governos progressistas resultaram em um mercado de pleno emprego e melhoria de vida, de bens e consumo. Na categoria metalúrgica, o aumento real de 25% nos salários no decorrer dos últimos 12 anos é prova concreta de que vivemos em tempos recentes um cenário de valorização da classe trabalhadora. Hoje, infelizmente, o caminho é o inverso, com retirada de direitos e pregação constante de que com autonomia os trabalhadores e trabalhadoras do país podem mais nas negociações e nas conquistas. Mas a verdade é que a hierarquia patronal não sofreu nenhuma reforma, tão pouco foi ameaçada por mudanças na legislação. Ela continua presente, unida e legitimada com seus representantes sindicais. Resta agora que a classe trabalhadora também reconheça e fortaleça o seu lado, seus reais representantes e sua posição no cenário.