#Notícias | 30/05/2017
O Brasil vive uma das suas piores crises. Não se pode dizer que as denúncias apresentadas pelo dono da multinacional JBS contra o presidente golpista Michel Temer causam surpresa. O fator novo, no entanto, são as provas materiais, entre elas a gravação na qual Temer negocia o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que tornam a continuidade do governo sem a mínima base moral e completamente insustentável. Muitos partidos que davam apoio ao governo federal já saíram da base aliada.
O papel da mídia
O povo assiste a disputa aberta entre os grandes veículos de comunicação que até então estavam mantendo um discurso coeso de apoio a Temer e a suas reformas para atender os interesses do mercado. Houve um racha na grande imprensa. De um lado os jornais Estadão e Folha de São Paulo adotam posição de defesa do presidente, tentando colocar dúvidas diante das provas em suas reportagens. De outro, a rede Globo de uma hora para outra passa a defender de maneira ferrenha o fim do governo Temer. Há muita coisa em jogo.
A política invade o Judiciário
Além da guerra entre as mídias, há também a partidarização do Judiciário, principalmente por meio do Supremo Tribunal Federal e do Ministério Público Federal que se utilizam de suas interpretações da legislação para afirmar posições políticas, muitas vezes contrárias entre si. E quem sai perdendo sempre com esta briga são os trabalhadores.
Temer sem condições de liderar o Brasil
Michel Temer assumiu o poder por meio de um golpe construído à base de corrupção e negociatas. Prova disso é sua agenda de governo que atende somente os interesses de empresários e banqueiros. Se antes ele já não tinha legitimidade para governar, após as denúncias da última semana fica comprovado que não existe nenhuma condição política para seguir em frente.
Em pesquisa realizada pelo Datafolha no mês de abril, ou seja, antes do último escândalo, Temer tinha 61% de avaliação ruim ou péssima, 28% a considerando regular e apenas 9%, ótimo ou bom. Sem aprovação do povo a melhor opção seria a renúncia.
A única saída possível para o Brasil é a democracia
Sem condições de levar o Brasil adiante, Temer se nega a renunciar, de acordo com seus recentes pronunciamentos. Quais são as outras opções?
Com o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), até o fechamento deste jornal, já haviam sido protocoladas 16 solicitações de impeachment. Uma outra possibilidade é a cassação da chapa Dilma/Temer, que será julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas próximas semanas.
Como fica o processo de saída de Michel Temer?
Em um primeiro momento, quem assume o cargo provisoriamente é o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia. Ele deverá convocar eleições indiretas, de acordo com o previsto na Constituição. No entanto, a viabilidade para eleições diretas e sua forma legal já está em debate por parte da sociedade.
Eleições indiretas: Serão convocadas em caso de renúncia ou impeachment do presidente. Não há participação popular e quem vota são apenas deputados e senadores, em até 30 dias. Qualquer pessoa poderá se candidatar contanto que tenha a ficha limpa e seja filiado a um partido político.
Eleições diretas: Há uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que prevê eleições diretas desde que não aconteçam nos últimos seis meses do mandato. As eleições seriam convocadas em até 90 dias após a vacância. A PEC pode ser votada a qualquer momento, mas precisa de maioria em dois turnos, tanto na Câmara quanto no Senado.
Qual o caminho para o Brasil?
Os interesses prioritários da classe trabalhadora que são emprego e renda, estão afetados. Qual é a melhor saída? O da escolha de um presidente por deputados e senadores ou através do voto do povo?
Somente a eleição direta dará a legitimidade necessária para o sucessor presidencial guiar o processo de crescimento do país.
O Congresso Nacional que temos hoje não tem moral para conduzir uma eleição indireta. A instabilidade atual será mantida se a sucessão não se der através do voto popular. É o povo quem deve decidir o que é melhor para a nação.