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#Notícias | 20/04/2017

21 de abril de 2017

 

 

Reformas do governo colocam em risco o direito de se ter uma categoria organizada e de luta

 

 

Dia 21 de abril é comemorado o dia do metalúrgico. A profissão, considerada uma das mais antigas da humanidade, viu sua representação aumentar ao longo dos anos devido à união e a força dos trabalhadores e trabalhadoras em se mobilizar e atingir conquistas significativas à classe trabalhadora. Porém, a categoria vive dias de constante ameaça, correndo o risco de perder não somente os direitos adquiridos ao longo da história, mas também sua representatividade combativa.

 

 

Categoria de muita luta e solidariedade

 

 

Lideranças políticas e sindicais guiaram ao longo dos anos 80 e 90 uma série de ações que resultaram nas garantias que a classe trabalhadora possui hoje. Das assembleias e greves na porta das fábricas, arrancamos reajustes salariais dignos e cláusulas sociais nas convenções coletivas que asseguravam o bem estar de todos. Das mobilizações, marchas e caravanas à Brasília, pressionamos deputados e senadores a aprovarem nossas reivindicações. Nada caiu do céu. Tudo foi conquistado pelo esforço dos sindicatos, sempre com o apoio da classe trabalhadora.

 

 

Greve nas fábricas com adesão dos trabalhadores / Foto: Arquivo / STIMMMEC

Assembleia com a participação da categoria na sede do Sindicato / Foto: Arquivo / STIMMMEC

 

Nos anos de grave crise nacional, a solidariedade prevalecia entre os/as metalúrgicos/as. Na porta das fábricas de Canoas e Nova Santa Rita, as chamadas “vaquinhas” – colaboração financeira simbólica e espontânea- ajudaram muitos trabalhadores/as fora do mercado de trabalho. Quem estava na fábrica, contribuía com qualquer quantia para que assim o sindicato pudesse organizar pequenos ranchos e distribuir aos desempregados. Na luta por mais empregos e melhores condições de trabalho, trabalhadores da base participaram de grandes marchas e por muitas vezes cruzaram os braços ou se mobilizaram pelos colegas da empresa.

 

 

Luta contra as políticas neoliberais sempre presente / Foto: Arquivo / STIMMMEC

Grandes marchas da categoria / Foto: Arquivo / STIMMMEC

Luta contra os governos contrários à classe trabalhadora / Foto: Arquivo / STIMMMEC

 

 

Atualmente, com a melhora das condições financeiras e os avanços da classe trabalhadora em todos os campos (direitos, educacionais, tecnológicos, etc…), vê-se uma parcela da categoria com espírito individualista e bastante voltada às questões financeiras. O resultado é a dificuldade em mobilizar e conscientizar os/as trabalhadores/as sobre as perversas reformas que estão tramitando no Congresso Nacional e no Senador Federal (entre elas a Reforma da Previdência Social e Reforma Trabalhista). Também, resulta na criminalização da política sindical e partidária e no ato de ignorar o fato de que somente foi possível chegar aonde chegamos graças a estas frentes.

 

 

 

Assim, hoje, data em que comemoramos o dia do metalúrgico, os questionamentos são muitos: De que vale conquistar reajuste salarial digno se vivemos sem qualquer garantia de emprego? De que vale um mercado competitivo, se a prevalência será da mão de obra mais barata? De que vale brigar contra a luta sindical na porta da fábrica e pelo direito de entrar para trabalhar, se morreremos lá dentro, trabalhando, sem conseguir se aposentar? Afinal, o que temos para comemorar hoje?

 

 

 

Paulo Chitolina – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita

Fontes:

Publicado em:20/04/2017

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