#Notícias | 17/04/2017
Se alguém ainda acreditava que a presidente Dilma Rousseff foi cassada por conta das chamadas “pedaladas fiscais”, a prova de que tudo não passou de uma gigantesca farsa foi dada no último sábado (15) pelo próprio Michel Temer, que, em entrevista à Band, confessou as reais motivações do golpe parlamentar de 2016. Dilma só caiu, disse Temer, porque não cedeu às chantagens de seu aliado Eduardo Cunha, hoje preso em Curitiba e condenado a mais de 15 anos de prisão, por corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
“Que coisa curiosa! Se o PT tivesse votado nele naquele comitê de ética, seria muito provável que a senhora presidente continuasse”, disse Temer.
Com essa declaração, Temer confirmou que houve abuso de poder e desvio de finalidade no processo de impeachment. É o que afirma ao 247 o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, hoje advogado da presidente deposta Dilma Rousseff.
“Desde o início nós afirmamos que houve abuso de poder e desvio de finalidade no processo de impeachment, uma vez que Eduardo Cunha só acolheu o pedido porque não teve os votos no Conselho de Ética para evitar a sua cassação. Agora, é o próprio Michel Temer quem confirma o argumento central da defesa”, disse ele. “O que a presidente Dilma deveria ter feito? Cedido à chantagem de Eduardo Cunha?”, questiona.
Cardozo lembra que o mérito do pedido de impeachment ainda não foi julgado. A ação estava nas mãos do ministro Teori Zavascki e foi herdada por seu sucessor Alexandre de Moraes, indicado ao cargo por Michel Temer. Isso não significa, diz Cardozo, que a ação possa ser engavetada. “Vamos provocar o ministro para que ele se manifeste sobre a nova prova, fornecida pelo próprio Michel Temer”, afirma.
Confissão de Temer na Band será usada como prova no STF
José Eduardo Cardozo vê na entrevista o fato novo que reforça tese de nulidade do impeachment da presidenta eleita. Processo para afastamento foi aberto por Cunha por pura vingança. É que Dilma não cedeu à chantagem
A defesa de Dilma Rousseff apresenta nesta segunda-feira, 17, ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma petição para incluir a entrevista de Michel Temer à TV Bandeirantes, na noite de sábado, como fato relevante que reforça os argumentos de que o processo de impeachment teve desvio de finalidade em sua origem. “A confissão do senhor Michel Temer é fato novo e será incluído no mandado de segurança que está tramitando no STF questionando a legalidade do processo de impeachment”, diz o advogado José Eduardo Cardozo. “É a prova de que Cunha abriu o processo por vingança”.
Na entrevista concedida a Band, Michel Temer confessa que, em 2015, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, admitiu que só aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff porque o PT teria se recusado a dar-lhe os três votos no Conselho de Ética, que permitiriam sua absolvição e preservação do mandato parlamentar. Na época, o Conselho de Ética da Câmara apurava a quebra de decoro de Cunha. Ele foi flagrado mentido e jurando não ter contas na Suíça. “A prova de que Dilma foi vítima de uma vingança está reforçada pelo que disse Michel Temer”, comentou Cardozo.
Fonte: Brasil 247