#Notícias | 08/03/2017
Por volta das 9h da manhã desta quarta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, cerca de 3 mil mulheres e homens, que participaram desde a saída da marcha na ponte do Guaíba, pararam em frente ao prédio do INSS na Travessa Mário Cinco Paus, no centro de Porto Alegre, onde realizaram um ato de protesto contra a Reforma da Previdência (PEC 287/2016) e em defesa da pauta das mulheres. A marcha foi organizada pela CUT-RS, centrais sindicais, MST, CPERS Sindicato e Levante Popular da Juventude, dentre outras entidades e movimentos sociais.
Durante o ato, as mulheres denunciaram os impactos da Reforma da Previdência na vida das trabalhadoras do campo e da cidade, a crueldade do ajuste fiscal para a classe trabalhadora, a violência contra as mulheres e a necessidade de construção da greve geral. Elas lembraram que cerca de 1.500 mulheres paralisaram nesta segunda-feira (7) o complexo industrial da Vale Fertilizantes, em Cubatão (SP). A empresa deve R$ 276 milhões ao INSS.
“Estamos todas juntas neste ato para marchar contra a Reforma da Previdência e fazer a disputa da consciência da sociedade”, afirmou a secretária de Mulheres da CUT-RS, Isis Marques. Para ela, hoje não é um dia de comemoração, “mas de combate aos retrocessos que nos ameaçam e de defesa dos nossos direitos”.
Construir a greve geral
Neste ano, a luta contra a Reforma da Previdência virou a grande pauta do 8 de março, pois com a proposta do presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB) as mulheres podem perder o direito de se aposentar cinco anos antes, conquistado devido à dupla e à tripla jornada. Com a idade mínima de 65 anos para mulheres e homens, a reforma é ainda pior para as trabalhadoras da agricultura familiar, que hoje podem requerer aposentadoria aos 55 anos.
Representando a Frente Brasil Popular, a militante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Suelen Gonçalves, destacou a importância de barrar o projeto neoliberal que avança com o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB), com o governador Jose Ivo Sartori (PMDB) e com o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB).
“Precisamos fazer a greve geral para barrar o avanço desse projeto que nos massacra. Hoje é um dia de muita luta, que serve para a construção da greve’, enfatizou. “Não temos o que comemorar neste dia, pois nós, mulheres fomos as maiores vítimas do golpe. Não foi apenas contra a presidenta Dilma, foi contra todas nós”, finalizou Suelen.
Criminalização dos movimentos sociais
Alertando para o avanço do fundamentalismo no país, a representante do Fórum Inter-religioso e Ecumênico de Porto Alegre, Cibele Kuss, salientou que todas as mulheres ao redor do mundo estão nesta jornada de luta internacional. “Eles estão criminalizando as nossas pautas e as nossas ações”, sublinhou.
Cibele defendeu que a Reforma da Previdência é feminicídio lento, “já que vamos morrer trabalhando sem conseguir se aposentar”.
Citando os versos de Che Guevara, “os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”, a integrante do MST-RS, Salete Carollo, disse que “as atividades de hoje integram uma luta que é por todas as mulheres”.
Próximos desafios
“Foi um ato extremamente exitoso, com uma grande marcha desde a madrugada contra esse ataque brutal que representa a Reforma da Previdência para as mulheres”, avaliou a secretária de Finanças da CUT-RS, Vitalina Gonçalves.
A dirigente foi uma das coordenadoras do ato e acredita que a proposta de reforma não passará. “Quarta que vem, dia 15, estaremos nas ruas novamente contra a Reforma. A Previdência fica e o Temer sai”, reforçou.
A jornada de luta pela terra, chamada de Abril Vermelho pelo MST, durante o próximo mês e uma grande atividade no Dia do Trabalhador, 1º de maio, foram apontados pelas mulheres como as próximas agendas de luta.
Após o ato, a marcha seguiu em direção à Assembleia Legislativa para o seminário “O Impacto da Reforma da Previdência na Vida das Mulheres”, no Teatro Dante Barone.
O ato público no INSS integrou as atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher, organizadas pela CUT-RS, sindicatos e federações filiadas, do CPERS Sindicato, do Movimento dos Sem Terra (MST) e do Levante Popular da Juventude, dentre outras entidades e movimentos sociais.
Fonte: Cut-RS