#Destaques | 08/08/2016
Paralisações e braços cruzados ditam o andamento da Campanha Salarial deste ano. Após a proposta patronal de parcelar a reivindicação de reajuste salarial de 9,83% em três vezes ser rejeitada durante a Assembleia Geral realizada no dia 20 de julho, a categoria autorizou o sindicato a intensificar a campanha e pressionar o sindicato patronal (Simecan) para melhorar a proposta. Este, por sua vez, ao saber da deliberação de greve, ajuizou o dissídio coletivo e encaminhou uma reunião de conciliação no TRT – Tribunal Regional do Trabalho, realizada seis dias depois. Na ocasião, em vez de apresentar melhorias na proposta, os patrões reiteraram sua proposta de parcelamento a perder de vista.
Jornal Já: Sindicato dos Metalúrgicos lamenta ação da Brigada Militar em Canoas
Sul 21: BM faz paralisação, mas impede que metalúrgicos parem em Canoas
Respeitando a decisão tirada em assembleia, o Sindicato intensificou as mobilizações e deu início às paralisações. A primeira fábrica a cruzar os braços foi a Agco, no dia 26 de julho. Em uma grande assembleia, os trabalhadores/as da empresa ficaram cientes das várias tentativas do Sindicato em fechar um bom acordo sem a necessidade de encaminhar o dissídio ao tribunal.
Na manhã do dia seguinte, trabalhadores/as da Midea Carrier não hesitaram em ouvir os esclarecimentos do sindicato e retornar às suas casas. A adesão foi total e cresceu a indignação da categoria, que aguarda desde o mês de maio a reposição das perdas inflacionárias.
A Maxiforja foi a terceira fábrica paralisada pelos trabalhadores/as no dia 28. A empresa foi beneficiada recentemente com recursos do BNDES (dinheiro público) para investir em sua estrutura e, mesmo produzindo e lucrando muito bem, não dignou-se a repor as perdas nos salários daqueles a quem chama de colaboradores. A paralisação foi total e os dirigentes sindicais ficaram em frente à fábrica durante todo o dia para garantir o sucesso da greve.
Para fechar a primeira semana de paralisações, o Sindicato realizou um ato de repúdio em frente à Forjasul, empresa do coordenador da mesa de negociações. A mobilização contou com a expressiva participação de sindicatos metalúrgicos da região, assim como sindicatos de outras categorias (Sapateiros, Rodoviários e Cargas Líquidas) e entidades de peso na luta sindical, como a Central Única dos Trabalhadores, a Federação dos Metalúrgicos do RS e a Confederação Nacional dos Metalúrgicos.
No final de semana, o Sindicato esteve presente na Agco e na Maxiforja para paralisar o serão marcado para a compensação dos dias parados. Os trabalhadores/as foram convencidos a não entrar para trabalhar. Na terça, 2 de agosto, o sindicato paralisou todos os turnos da General Eletric (ex-Alstom).
No dia seguinte, foi a vez da greve na primeira empresa de Nova Santa Rita, a Harman. O quadro funcional majoritariamente formado por mulheres atendeu o apelo do sindicato e também paralisou a fábrica.
Na quinta, 4 de agosto, foi a vez de paralisar a Liess. Ali o patrão encara as decisões da categoria e as mobilizações ordeiras e pacíficas do sindicato como casos de polícia. Até o fechamento deste jornal, os dirigentes sindicais resistiam às ameaças da Brigada Militar que, ao ser convocada pela empresa, deixa de cuidar das ruas e da segurança pública para intervir nas relações sindicais.
Empresas fecham acordos mais favoráveis
A insistência do sindicato patronal em conceder apenas a inflação e ainda de forma parcelada, fez com que os trabalhadores/as, em assembleia geral realizada no dia 20 de julho, deliberassem pela rejeição da proposta patronal, decretassem as greves e seguissem fortemente mobilizados na luta.
Assim, muitas empresas procuraram diretamente o nosso sindicato para fechar melhores acordos salariais para seus funcionários/as. Ao todo, mais de dez metalúrgicas já apresentaram proposta melhor do que a rejeitada na assembleia geral. Outras tantas já entraram em contato para nas próximas semanas dialogar um acordo e beneficiar milhares de trabalhadores/as.
Paralelamente, a direção do nosso sindicato vai continuar a luta, com mobilizações e greves por fábricas, para garantir que se apresente uma proposta possível a ser levada para uma nova assembleia geral dos(as) trabalhadores(as).
Metalúrgicos de outras bases decretam e fazem greves
Os patrões metalúrgicos do Estado estão seguindo à risca a orientação de sua federação das indústrias, apresentando propostas que visam arrochar salários e tirar ou flexibilizar direitos. A exemplo daqui, também apresentam propostas absurdas como reajustar de forma parcelada índices que sequer repõem a inflação.
Diante disto, várias bases do Estado, especialmente as de Porto Alegre e Cachoeirinha, decidiram decretar estado de greve e já estão paralisando algumas empresas. Outras bases, como a de Sapiranga, por exemplo, já estão convocando assembleias para possivelmente decretar estado de greve. A categoria como um todo não aceita propostas salariais rebaixadas e mais arrocho.
Fonte: STIMMMEC