#Destaques | 06/06/2016
O frio de 10ºC não foi problema para milhares de gaúchos, que foram receber aos gritos de “Fora, Temer” e “Dilma, guerreira, mulher brasileira” a presidenta afastada Dilma Rousseff (PT) no começo da noite desta sexta-feira (3), no centro de Porto Alegre. Ele veio participar do “Ato contra o Golpe”, realizado na Esquina Democrática, reforçando a luta em defesa da democracia.
Dilma foi da Assembleia Legislativa, onde participou antes do lançamento do livro “A Resistência ao Golpe de 2016”, direto para o ato. Essa é a primeira vez que ela participou de uma atividade no Rio Grande do Sul com toda a militância depois de seu afastamento da Presidência, em 12 de maio.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, abriu a manifestação, saudando “as mulheres e a juventude que têm saído às ruas em defesa da democracia e contra ao golpe”. Ele alertou que “não queremos a mexicanização do trabalho”, alertando que “lá os direitos sociais sumiram e aqui o Temer sinaliza com o ataque à Previdência”. Claudir avisou que “a resistência só está começando”.
Muito ovacionada pelas mulheres que gritavam “Nem recatada e nem do lar, a mulherada té na rua pra lutar” e rodeada de lideranças políticas do PT, PCdoB e PSOL, Dilma afirmou que retornará ao comando do país, dando a entender que reverterá o processo de impeachment no Senado. “Tenho certeza que até 2018 serei a presidenta do Brasil”, declarou ela, para o entusiasmo dos ativistas que tomavam conta da Esquina Democrática e arredores, já que o palco foi montado na Avenida Borges de Medeiros, mais perto do Largo Glênio Peres.
Dilma ressaltou que viajará o país para denunciar “o golpe”, embora o presidente interino, Michel Temer (PMDB), e seus aliados, segundo a petista, não queiram que ela percorra o Brasil, momento em que os militantes, mais uma vez, cantaram “Fora, Temer.”
“Eu jamais esperei enfrentar um novo golpe”, admitiu a presidenta afastada, referindo-se também ao Golpe de 1964, época da ditadura. Ela se disse feliz por estar participando de um ato na Esquina Democrática. “O Rio Grande do Sul tem tradição em lutar pela democracia. Aqui, em Porto Alegre, um dos golpes que estavam sendo tramados no Brasil teve um basta”, relembrou Dilma, referindo-se à Campanha pela Legalidade, liderada pelo então governador Leonel Brizola com o fim de garantir que o João Goulart assumisse a presidência do país.
A presidenta afastada reclamou do fato de ser acusada de crime de responsabilidade com base em seis decretos das chamadas “pedaladas fiscais” e um Plano Safra. Decretos iguais, conforme Dilma, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez 30 e não foram considerados crimes.
Impeachment fraudulento
“Criaram contra mim um impeachment fraudulento”, argumentou a petista, seguida de um coro de “Não vai ter golpe, vai ter luta.” Ela ressaltou, ainda, que não cometeu atos de corrupção e não tem “contas na Suíça”, numa referência às denúncias envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que foi afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Minhas mãos não estão sujas por esse dinheiro”, garantiu ela, numa referência aos políticos, como Cunha, envolvidos nos desvios de recursos da Petrobras. Ao final do discurso, Dilma agradeceu o apoio dos militantes: “Vocês me dão muita força.”
Depois que encerrou a manifestação, Dilma permaneceu ainda alguns minutos no palco anunciando o músico Raul Ellwanger, que cantou “Eu só peço a Deus”. Um dos trechos da letra diz: “Que a injustiça não me seja indiferente, pois não posso dar a outra face, se já fui machucado brutalmente.”
Antes deixar o local do ato, Dilma tirou fotos com militantes e ainda ouviu o canto dos ativistas: “Volta, Dilma” e “Dilma, eu te amo.”
Após, lideranças políticas usaram o microfone antes de partirem em caminhada pelas ruas centrais de Porto Alegre. A dirigente do PSol, Bernardete Menezes, salientou que “estamos juntos na luta contra o golpe”.
A vereadora do PCdoB, Jussara Cony, olhando para Dilma, disse que a pergunta que está na boca de todos: “que horas ela volta?”. Para a comunista, “nós precisamos de muita unidade e atitude”
“Não permitiremos retrocesso neste país, porque nós temos história e temos luta”, afirmou o presidente estadual do PT, Ari Vanazzi.
A caminhada partiu da Esquina Democrática e tomou ruas e avenidas: Andradas, Marechal Floriano, Sarmento leito, Farrapos, Barros Cassal e Independência, arrastando milhares de pessoas, na sua maioria jovens e mulheres.
Depois de quase duas horas, os participantes chegaram na Avenida Goethe, no bairro Moinhos de Vento, tradicional antro de manifestações golpistas na capital gaúcha.
Fonte: CUT-RS com Jaqueline Silveira – Sul21