#Notícias | 21/01/2016
Sociólogo português foi destaque na mesa sobre globalização, desigualdade e crise civilizatória
O auditório Araújo Vianna foi palco das primeiras mesas de convergências programadas para o Fórum Social Temático 2016, realizadas na tarde dessa quarta-feira, 20. Na busca por analisar a situação mundial frente aos mais diversos conceitos de globalização e seus efeitos, a mesa “Globalização, Desigualdade e a Crise Civilizatória: da crise do império à luta por um mundo multipolar” deu o ponta pé inicial nos debates, com direito a casa cheia e uma plateia ansiosa pela fala do sóciólogo português, Boaventura de Souza Santos.
Recebido com muitos aplausos, Boaventura traçou uma análise dos 15 anos de Fórum Social Mundial, lembrando da primeira edição, realizada em 2001, quando uma “Globalização Alternativa” foi sugerida pelos movimentos. Segundo o sociólogo, toda a empolgação com os avanços que seguiriam frente a esta forma alternativa de globalização foi quebrada com o início da luta contra o terrorismo, ainda no mesmo ano, com os atentados de 11 de setembro. Mesmo assim, as edições seguintes serviram para que “muitos movimentos pudessem dar início às suas articulações”, afirmou ele.
Em uma crítica ao Fórum, o sociólogo questinou: “Estamos aqui debatendo para quê?”, provocando a organização do movimento a assumir um posicionamento político e ir além das mesas de debates e do lançamento de ideias. Ele ainda ressaltou a ausência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que, segundo Boaventura, foi o único movimento a nunca se acomodar nas lutas, independete da situação política.
Por fim, Boaventura lembrou as diversas mobilizações de esquerda que tomaram as ruas nos últimos anos e satirizou: “Foram às ruas como se elas fossem um espaço livre, mas esqueceram que ninguém detém o monopólio das ruas. A direita revanchista viu, aprendeu e utilizou o espaço para criminalizar os movimentos de esquerda”.
CUT-RS presente na mesa
O presidente da CUT Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo, também participou da primeira mesa de convergência. Em sua fala, propôs fazer uma auditoria nas dívidas dos países, a exemplo do Equador, como forma de enfrentar a política predatória do capitalismo que tanto oprime e empobrece os povos.
Claudir lembrou que muitas dívidas foram negociadas no período de ditaduras militares, como na América Latina, sem nenhuma transparência com a sociedade. “Vamos levar essa proposta, assim como a taxação das grandes fortunas, ao debate na assembleia dos movimentos sociais, que ocorre na manhã de sábado, 23, último dia do evento, mostrando que é possível combater o rentismo e o processo de globalização do capital e seguir construindo um outro mundo com mais igualdade, avanços sociais e solidariedade entre os povos e as pessoas”, ressaltou.
A mesa contou também com a participação das representantes Socorro Gomes (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz/Brasil), Caroline Borges (Reaja/Brasil), Maren Mantovani (StoptheWall/Palestina), Cristina Reynold (AIH/Argentina), Leo Gabriel (jornalista austríaco) e Nair Goulart (Força Sindical).
Fonte: STIMMMEC (com informações da CUT-RS)