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#Notícias | 15/12/2015

Sob muito calor, sindicalistas, militantes dos movimentos sociais e diversas lideranças políticas participaram na tarde de sexta-feira, dia 11, da 20ª Marcha dos Sem. A mobilização foi marcada por manifestações contra o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) e pela retirada do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, principal articulador político do golpe de derrubada da presidência.

 

Marche teve início na Rótula das Cuias, em Porto Alegre / Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

 

 

Organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), integrada pela CUT-RS, a marcha teve início na Rótula das Cuias, passando por ruas centrais até chegar em frente ao Palácio Piratini. Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa juntaram-se aos mais de 10 mil militantes que tomaram as ruas da Capital com camisetas “Fora Cunha, não vai ter golpe” e cantos de “Não vai ter golpe, vai ter luta”, “Não vai ter golpe, fora Cunha”.

 

 

Contra a política econômica

 

 

Em cima do caminhão, lideranças afirmaram que não concordam com a política econômica do governo Dilma, contudo o mais importante neste momento é a defesa da democracia e a manutenção do mandato da presidente. “Nós temos críticas à política econômica, mas os que estão propondo o golpe não querem fazer uma política melhor para os trabalhadores”, disse uma das lideranças, ao microfone. E prosseguiu: “O que está em jogo são os direitos dos trabalhadores, não só as conquistas dos 12 anos.”

 

 

“O Rio Grande continua com seu legado de vanguarda. Isto só levanta a moral da militância do Brasil inteiro, a partir desta força da militância gaúcha”, afirmou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.

 

Presidente nacional da CUT, Vagner Freitas esteve no ato em Porto Alegre / Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

 

 

Ele acrescentou que as centrais sindicais têm críticas à política econômica adotada pelo governo, defendendo uma plataforma voltada para os trabalhadores, que elegeram a presidenta. “A luta não é só pelo mandato da Dilma, é também contra retrocessos,” frisou Vagner.

 

 

A Marcha dos Sem levou 45 minutos para chegar em frente ao Palácio Piratini. Ao se aproximarem do local, o recado foi para o governador José Ivo Sartori (PMDB). “Ô, ô Sartori pode esperar, a tua hora vai chegar”, “Não basta governar, tem de ter lado”. Em frente ao Palácio, as principais lideranças das centrais sindicais se manifestaram.

 

 

Não ao golpe e ao retrocesso

 

 

“Vocês têm de ir para a rua defender os seus direitos”, desafiou o presidente nacional da CUT. “Eu não tenho dúvida que não vai ter golpe. porque a garra da classe operária é muito grande. A desfaçatez destes golpistas vai ser desmascarada nas ruas. O que garante a democracia, o não golpe e, consequentemente, garante o direito dos trabalhadores, é a luta nas ruas”, afirmou Freitas.

 

Mesmo sob forte calor, militantes tomaram às ruas da Capital / Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

 

Vagner ainda fez críticas aos movimentos de direita que articulam mobilizações a favor da derrubada da presidenta. “Eles são contra os trabalhadores. São aqueles que são a favor da terceirização, que são contra a valorização do salário mínimo e que querem acabar com a previdência social”, disse. “Eles querem derrotar a classe trabalhadora”, enfatizou ao criticar também “o clima de ódio e violência” que os golpistas vêm espalhando no país. “Vivemos um momento de luta de classes. São os trabalhadores contra a burguesia”.

 

 

“O Collor era corrupto e foi cassado. O corrupto hoje é o Cunha”, comparou ao salientar que não há motivo para o impeachment de Dilma, mas sobram razões para cassar o presidente da Câmara.

 

 

As manifestações foram encerradas por João Pedro Stédile, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). “O Brasil vive uma grave crise econômica, política, social e ambiental e o responsável é a lógica de exploração do capitalismo que não tem limites”, disse. “O Brasil está sendo extorquido pelo capital internacional”.

 

Cerca de 10 mil participaram da Marcha dos Sem / Foto: Rita Garrido / STIMMMEC

 

 

“Defender a Dilma não significa defender os erros da política econômica”, afirmou. Ele disse que o que está em jogo “são os rumos do país” e que o processo de impeachment aberto pelo presidente da Câmara foi “um salvo conduto” para Cunha evitar a prisão, “largando a bomba para o lado da Dilma”. “O diabo faz a panela, mas não faz a tampa”, observou ele, dizendo que a estratégia de Cunha não funcionará por muito tempo e motivou os movimentos sociais a saírem às ruas para pedir seu afastamento.

 

 

“Querem ganhar no tapetão para implantar o neoliberalismo, que foi adotado pelo governo FHC nos anos 90 e foi derrotado nas urnas”, apontou Stédile.

 

 

Fonte: STIMMMEC (com informações da CUT RS e Sul 21)

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Publicado em:15/12/2015

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