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#Notícias | 15/10/2015

Líderes das organizações participaram de painel do 12º Congresso da CUT e também apontaram  a democratização da comunicação como fundamental para romper cerco conservador

 

A onda contra o PT que domina o noticiário é, na verdade, um movimento maior do que a tentativa de destruir um partido específico. Trata-se de um esforço da direita para destruir os avanços sociais dos últimos 13 anos e impedir cada vez mais a aplicação prática da Constituição aprovada em 1988, e, dessa forma, tirar espaço dos movimentos populares. Por isso, a tarefa de qualquer um que se intitula de esquerda ou progressista é resistir a essa onda.

 

 

As opiniões foram partilhadas por Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e Gilmar Mauro, do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), que participaram na tarde desta quarta-feira (14) do 12º Congresso Nacional da CUT, na mesa de debate “A Defesa da Democracia e dos Direitos”. “Eu não sou militante do Partido dos Trabalhadores (PT), mas sei que essa onda não é contra o PT, é contra tudo o que é vermelho. É contra a ocupação de terras, contra a luta por moradia, é contra tudo que é luta popular. Os de esquerda que acharem que podem surfar nessa onda vão se afogar nela”, disse Boulos.

 

 

Gilmar Mauro foi mais direto: “Esquerda que torce contra a esquerda não é esquerda. É direita”. No entanto, recordaram ambos, é preciso continuar pressionando o governo Dilma para abandonar o caminho do ajuste fiscal que restringe recursos para políticas públicas e que desaquece a economia. Boulos adverte que deixar de pressionar pode permitir que a insatisfação popular seja canalizada pela direita.

 

 

O professor Venício Lima, pesquisador da comunicação, também presente no debate, destacou o papel da mídia tradicional na construção do pensamento conservador e da necessidade de construir um  novo marco regulatório para o setor, em cumprimento a um princípio constitucional. “Temos de ter no Brasil um sistema organizado para a inclusão de vozes e lutar por um novo marco regulatório da comunicação, porque a lei que está em vigor é ultrapassada”, afirmou Venício.  O professor referiu-se à Lei das Telecomunicações de 1953.

 

 

Presente e futuro juntos

 

 

Gilmar Mauro fez uma reflexão sobre o momento que estamos vivendo. “Vivemos tempos de tempestade. Mas tempestade tem seu aspecto positivo para extrair lições, quem tem raízes não teme tempestade. No mundo todos os movimentos sociais sofrem ataques”, destacou.

 

 

Ele falou também do aprendizado que teve na agricultura: a importância do presente e do futuro andarem juntos. Neste sentido, elogiou a CUT por ser a primeira central sindical a implantar a paridade de gênero na direção. “É importante plantar a igualdade entre homens e mulheres hoje, se quisermos igualdade amanhã. Se não plantarmos a solidariedade hoje não haverá solidariedade e precisamos abrir espaço para renovação hoje, porque amanhã será a juventude que estará a frente das lutas sociais”, afirmou Gilmar.

 

 

Unidade da esquerda

 

 

“Estes companheiros representam a união da esquerda brasileira em frentes políticas da qual a CUT faz parte, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, que têm mesmo ideal de lutar pelas mesmas coisas: contra a retirada de direitos, a favor da reforma tributária, agrária, urbana, política, democratização da mídia, auditoria da dívida pública e mudanças na política econômica”, disse o presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, ao apresentar a mesa, coordenada pela secretária Nacional de Comunicação da Central, Rosane Bertotti, e pelo diretor executivo, Júlio Turra.

 

 

Pela Constituição

 

 

Assim como o novo marco regulatório das comunicações, defendido por Venício, é uma possibilidade prevista na Constituição, várias pautas dos trabalhadores e trabalhadoras também têm amparo constitucional. Quem destacou esse ponto foi Boulos: “Defender a Constituição hoje é visto como pauta da esquerda. A auditoria da dívida pública, taxar as grandes fortunas, proibir propriedade cruzada nas telecomunicações  – o dono de jornal ter também rádio e TV, por exemplo – já estão na Carta Magna”.

 

 

Democracia econômica

 

 

Mauro e Boulos também concordaram em relação a outro ponto: sem democracia econômica, não há democracia de fato. “Não temos como defender a democracia se não houver a democracia econômica. O 1% mais rico tem mais poder econômico que os 99% da população mundial”, destacou Boulos.

 

 

Gilmar Mauro encerrou sua fala com uma frase do sociólogo e cientista político Florestan Fernandes: “Não se deixe esmagar, não se deixe cooptar, lutar sempre!”.  E completou: “Nós vamos enfrentar de cabeça erguida, sem esmagar e enfrentar os que estão cooptados, com lutas e conquistas para nosso povo”.

 

 

Semana Nacional da Democratização da Comunicação

 

 

Durante o debate, Rosane Bertotti, que também é Coordenadora Nacional do Fórum Nacional da Democratização da Comunicação, falou de várias ações e atos que acontecerão na Semana Nacional da Democratização da Comunicação, iniciada nesta quarta.

 

 

Por isso, circulou em plenário uma lista para coletar assinaturas para Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) por um novo marco regulatório da comunicação. “Precisamos de mais de um milhão de assinaturas para uma política pública e um direito público e que o Estado tem responsabilidade”, lembrou Rosane.

 

 

Antes, o professor Venício já havia deixado uma sugestão aos sindicatos para popularizar o debate sobre a democratização da mídia: “Temos de criar Conselhos Estaduais de Comunicação Social para estabelecer fóruns de discussão do direito à comunicação, importante para a democracia”.

 

 

Fonte: Érica Aragão / CUT Nacional

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Publicado em:15/10/2015

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