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#Notícias | 24/01/2018

Uma multidão com bandeiras de sindicatos, movimentos sociais, cartazes questionando as reformas do governo federal atual e pedindo Justiça para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo que pode barrar sua candidatura nas eleições deste ano. O ato em apoio ao petista, que terá recurso de sua condenação julgado nesta quarta-feira (24), no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, relembrou uma mobilização popular que Porto Alegre não via há anos. Segundo os organizadores, chegou a 70 mil pessoas.

 

 

Ao lado de deputados do PT, figuras como Eduardo Suplicy e o escritor Raduan Nassar, Lula se dirigiu à multidão dizendo que não estava ali para comentar o processo em si ou como funciona o Judiciário. “Não vou falar do meu processo e da Justiça, primeiro, porque tenho advogados competentes que já provaram que sou inocente. Segundo, porque vocês me conhecem há 40 anos e sabem da minha inocência”, declarou o ex-presidente, antes de emendar que espera que os juízes se atenham ao processo e deixem de lado “convicções políticas”.

 

 

Ao lado dele, no carro de som, outros nomes cotados como possíveis candidatos à presidência em outros partidos também defenderam o direito do ex-presidente de se candidatar. E ter seu nome como uma alternativa nas urnas em agosto.

 

 

A pré-candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, afirmou que seu partido reconhecia que o direito de Lula concorrer é “parte das saídas para a crise”. “Precisamos de eleições livres. Nós queremos que essa eleição se decida nas urnas”.

 

 

Já Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que ainda não se apresentou como candidato, mas vem sendo cortejado pelo PSOL, defendeu que o processo contra Lula é uma tentativa de definir as eleições “no tapetão”. “O TRF4 tem a oportunidade de dar fim à farsa do juiz Sérgio Moro amanhã”, disse. Boulos afirmou ainda que a quarta-feira do julgamento tem de servir como um dia de unidade da esquerda, independente de divergências.

 

 

O senador Roberto Requião, do MDB do Paraná, que é cogitado como um possível vice de Lula, foi apresentado como “senador da soberania e da democracia”, ladeado por Lula e Dilma. “Impressionado” com o movimento em Porto Alegre, ele também criticou a agenda de reformas que vêm sendo tocadas por Michel Temer, do seu partido, e as manobras contra Lula.

 

 

A ex-presidenta Dilma Rousseff, que já havia falado em um ato só de mulheres pela manhã, explicou em sua fala porque acha que o processo contra Lula é uma continuação das mesmas forças que fizeram seu impeachment em 2016. Para ela, sem candidatos capazes de vencer Lula nas urnas, a oposição está em busca de outras maneiras de tirá-lo do páreo.

 

 

“Tem uma coisa que sempre me perguntam, se vamos ter um plano B, caso Lula não possa concorrer. Sabe por que não criamos um plano B? Porque quem acredita na inocência de uma pessoa é um covarde se tentar substitui-lo. Nosso plano é Lula 2018″.

 

 

Lula lembrou de conquistas de seu governo

 

 

O tempo de fala ele usou para relembrar as conquistas sociais de seu governo, como a ascensão de classes sociais, pessoas que passaram a ter carne de frango no prato todos os dias, crianças que não precisavam mais ir dormir sem tomar um copo de leite, jovens que se tornaram os primeiros de suas famílias a entrar na faculdade, trabalhadores que conseguiram garantir aumento proporcional do salário mínimo. Segundo ele, um país que seu partido conseguiu tornar possível e que incomodou muita gente.

 

 

“Esse país, nós construímos. Por isso, não posso me conformar com esse complexo de vira-latas de uma elite subserviente”, afirmou. “Eles inventaram uma doença chamada PT que provocava a ascensão dos mais pobres. As pessoas não queriam mais andar de ônibus, queriam andar de avião. A doença que eles tentavam tirar está sendo substituída por uma bem pior, que tirou a esperança do nosso povo. Esse país era respeitado, era protagonista internacional”.

 

 

O ex-presidente relembrou uma época que o país tentava se aproximar de outros países da América Latina, para deixar de lado a mediação que os Estados Unidos historicamente tentavam ter na região. Ele voltou a usar uma metáfora antiga, de que deixamos de ser o país que ladrava para a Bolívia, mas era um cachorrinho para os EUA.

 

 

No fim, Lula voltou a conclamar a população para estar nas ruas. “Preciso que o povo participe para que a gente possa recuperar esse país. Vocês não tem noção de como foi bom esse país ser grande. Esse país vai voltar. Podem ter certeza”. E concluiu: “Tenho 70 anos, estou com energia de 30 e tesão de 20 para mudar esse país”.

 

 

Depois do ato, o ex-presidente seguiu em um voo fretado para São Paulo. Lula acompanhará o resultado do julgamento de amanhã, com a família, já que a data marca ainda um ano da internação da ex-primeira-dama Marisa Letícia, por um acidente vascular cerebral, que acabou sendo a causa de seu falecimento.

 

 

Na capital paulista, apesar da proibição do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) para que se organize um ato na Avenida Paulista, o ex-presidente também deve falar ao público nas ruas. O local e horário ainda não foram divulgados.

 

 

Fonte: Fernanda Canofre / Sul21

 

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Publicado em:24/01/2018

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